Arquivo mensal: janeiro 2015

Esparta após as guerras médicas

 

historia-de-las-naciones405[GR]EEsparta e Atenas saíram vitoriosas das guerras médicas, como já vimos. Atenas crescia e Esparta assistia,atenta e resignada com os próprios reveses que sofria. Pausânias, por exemplo, herói da Batalha de Plateia, tendo conquistado Bizâncio em 477 a.C., ficou meio maluco. Vestia-se de persa e achou que era o rei da cocada preta. Dizem que começou a negociar com Xerxes, para conquistar ainda mais territórios com a ajuda dos persas. Os espartanos, que não eram bobos, o convocaram de volta e cortaram suas asinhas. Mais tarde, foi condenado por ter tentado organizar uma revolta interna com a ajuda dos ilhotas. Fez greve de fome dentro de um templo; e quando estava a ponto de morrer foi tirado de lá, para morrer lá fora. Que fim, hein? Também Leotíquidas, herói da Batalha de Micala, foi surpreendido com a mão na botija. Foi desterrado como corrupto.

Vocês então percebem que as demais cidades-estado foram entendendo que os espartanos não eram tão confiáveis assim. Além de serem lentos no agir. Atenas é que era o barato, por seu rigor, por sua prontidão. Argos e Tegea são duas das que começaram a se opor à hegemonia de Esparta no Peloponeso. Mas perderam batalhas e em 469 a.C., Esparta ainda era a força da região. Mas ocorreu um terremoto, dessas coisas imprevisíveis da vida. Em 464 a.C. Empolgados com a indefinição dos governantes, os ilhotas tramaram tomar o poder, mas não deu muito certo. Exilados no Monte Itome, foram rendidos na Terceira Guerra Messênia, em 459 a.C. Despediram-se de Esparta e desde então foram liberados da servidão. Mas, percebam, Esparta não estava passando por uma boa época. E isso ajudou Atenas a se destacar. É o que veremos.

Je ne suis pas Fábio Porchat

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Não sei exatamente quem é mais retardado, se o Fábio Porchat ou se o Gregório Duvivier. Eu acho que é o Gregório, mas o Fábio está se esforçando. Como qualquer celebridade, ele tem que ter uma posição sobre o atentado à sede da revista francesa Charlie Hebdo, que vitimou doze pessoas em 07.01.2015. E tem que publicar um artigo sobre isso em seu blog no Estadão. Nele, Fábio tenta responder a seus críticos e explicar por que não faz piadinhas contra muçulmanos. O mote da bagaça toda é uma provocação que ele comumente recebe, dado que é, com seus coleguinhas, a fazer piadas com a Santíssima Virgem, com Jesus Cristo e com os cristãos em geral: Com Jesus é fácil, queria ver o Porta dos Fundos fazer piada com o islamismo pra ver se vocês são fodões mesmo. E Fábio gasta um palavrório meio confuso para provar que eles são fodões mesmo e que só não fazem piadas com o profeta Maomé porque o brasileiro não entenderia. Sei. Segundo ele, como o Brasil é o país com o maior número de cristãos no mundo, todas as histórias da Bíblia são facilmente reconhecidas pela maioria absoluta da população.

É? O que ele quer dizer é que a maioria absoluta da população, com cujo Q.I. se identifica, é capaz de reconhecer Adão e Eva, Noé, Moisés, Davi e Golias, São José, a Virgem Maria, Jesus Cristo, São Pedro, Judas e Pilatos. E isso, para pessoas como ele, constitui ‘todas as histórias da Bíblia’. Não sei que nome dar a um jumento como esse. Por ter proferido uma enormidade como essa.

Aliás, vem cá. As colunas desses humoristas na Folha de São Paulo e no Estadão, porque não são inequivocamente humorísticas — o que talvez os abonasse –,  são símbolo de um grave sintoma: é que no Brasil os formadores de opinião são artistas, cantores e até humoristas. Alguém já imaginou levar a sério as opiniões sóbrias de Jerry Lewis, Groucho Marx e Eddie Murphy sobre a Revolução Francesa ou sobre a Guerra do Vietnã? Ou considerar como eruditas as opiniões sérias de Mazzaropi, Chico Anísio, Costinha, Renato Aragão e Tom Cavalcante sobre Dom Pedro I, sobre o Regime Militar de 1964 ou sobre o Concílio Vaticano II? Não dá. Não faz sentido. Só que como faltam intelectuais neste país em que sobram sambistas, vereadores, guitarristas, mestrandos e doutorandos, DJs, mulheres-fruta e cantores sertanejos, todo mundo, inclusive eu e todos os demais humoristas, querem emplacar a sua opinião. Fazêmo o que podêmo. A diferença entre mim e todos os outros é que eu não sou lido por ninguém e, também por isso, ninguém me leva a sério (se um dia começarem a me levar a sério, já tenho tudo planejado: vou fazer bunda-le-lê na Avenida Paulista e depois vou pular carnaval em Salvador e chamar a Ivete Sangalo de rainha do Brasil — tudo para provar, por ‘a mais b’, que todas as minhas opiniões são apenas as opiniões de um ser humano medianamente esforçado. Nada mais. E que devem ser consideradas pelo que tem de verdadeiro, e não porque são as opiniões do experiente e já irrevogavelmente aposentado Alarico Celestino. Por mais famoso, bonito e gostoso que ele seja).

Voltando às vacas magras. Depois de muito se enrolar, Fábio Porchat nos vem com essa. Dizendo que o desafio que lhe lançam é equivalente a lhe perguntarem: Por que você não bate em alguém do seu tamanho? Meu Deus!, vejam só. Primeiro. Veja em alturas o cabra se coloca. Ninguém duvida de que cairá do cavalo. Segundo. É evidente que ele não entendeu a provocação, coitado. Escuta, seu Fábio. Quando lhe desafiam a fazer piada sobre o islamismo, à toda a evidência estão querendo dizer: vocês só fazem piadinha com quem não tem por princípio reagir a ofensas de dimensão sub-intelectual. Vocês não são capazes de se responsabilizar pelas consequências de brincar com coisa séria, quando a coisa séria é a religião dos outros e quando os outros têm por princípio reagir, de modo mais ou menos violento, a essas ofensas. Em outras palavras: vocês são humoristas somente enquanto ser humorista é fácil e está dando um dinheirinho.

É evidente que, sozinhos entre eles, esses bocós fazem piadinhas com os muçulmanos. Dou minha cara aos tapas de todo o mundo se não zombam da religião muçulmana e se não acham graça de seus hábitos. Eles são zombeteiros, todo mundo sabe. São palhaços com o estômago e com o baixo-ventre, não com o coração.

Por fim, ele insinua que quem desafia os humoristas a fazer piadas sobre Maomé gostaria, na verdade, de matá-los, mas prefere em vez disso terceirizar o serviço para o Estado Islâmico. Isso é mania de perseguição, claro. Depois, a todas as luzes, todos sabem que Fábio Porchat não precisa se preocupar com isso. Ninguém ousaria matá-lo para ganhar o Céu. Sob pena de ser seriamente advertido pelo Deus Todo Poderoso, por ter gastado energia com um ser tão inofensivo como esse humorista medianamente talentoso e projeto falhado de nano-pensador chamado Fábio Porchat. Ponto.

A cidade está muito parada…

Afghan+Men+Gather+Kabul+Dog+Fight+aqNYHWdhOlRl

Repórter é presa em Campo Mourão, PR. Por quê? Porque trocava informações com criminosos. Uma maravilha. A moça, doida por uma notícia quente e exclusiva, informava aos bandidos o planejamento das operações policiais que chegavam aos seus ouvidos pouco confiáveis. E eles, os bandidos, por sua vez, lhe informavam sobre os crimes que pretendiam cometer, para que ela chegasse primeiro com seu microfone nervoso.

Uma conversa significativa foi gravada mediante autorização judicial. O malaco diz que foi ali fazer um corrinho. A repórter, interessada, pergunta como é. Fomos ali, na Vila Cândida, pegar um cara, não achemo o cara. Ela então pergunta se iam apagá-lo. O malaco confirma. Então a repórter é enfática: Você tem que fazer o serviço e depois me liga: acabamo de fazer o negócio. Faz dias que não dá homicídio. A cidade tá muito parada. Ao que o vagabundo a tranquiliza: Mas vai ter um homicidinho já para vocês. Não demora, não. Está próximo.

Por essa e por outras, a doutora repórter ficou presa por 21 dias, para os fins da investigação. Saiu da cadeia sob os holofotes dos colegas, dizendo-se inocente e injustiçada, com a Bíblia Sagrada debaixo dos braços. Tipo: veja como eu sou uma cristãzinha boa e pura e casta e tal. Pode um negócio desses? Não sei o que é pior: se é a moça estimulando uns homidiciozinhos para ter notícia ou se é ela se fazer de crucificada e perseguida por ter sido presa.

Este é, senhores, o tal mundo cão. Não tenho nada a comentar a respeito desse lamentável episódio. Os fatos falam por si. Ora, ora. Vai ter um homicidinho já para vocês… Já não é sem tempo. A cidade está muito parada

Eu os acuso, jornalistas do tipo Datena e não sei mais quantos. Parem de tripudiar sobre a miséria da humanidade! Vão arranjar coisa mais saudável que fazer, seus sacripantas miseráveis!

Sansão

SansaoMuito bem. Enquanto Gedeão viveu, reinou a paz em Israel. Uma vez falecido e pranteado, vocês já imaginam o que aconteceu. Lembrem-se do ciclo interminável, da novela mexicana dos hebreus nessa época: Israel, obediente, serve ao Senhor — Israel cai no pecado da idolatria — Israel é dominada pelos inimigos — Israel clama ao Senhor — O Senhor lhes dá um juiz justo — Israel é então salva das mãos dos inimigos. E depois? Depois de, obediente, servir ao Senhor, Israel cai novamente no pecado da idolatria. Então Israel é dominada pelos inimigos e por isso começa a clamar ao Senhor… De novo e de novo, como já lhes disse algumas vezes. E assim foi.

Bem. Uma das partes do ciclo é Deus deixar Israel ao Deus dará. Dessa vez foram entregues nas mãos dos filisteus, também por cerca de quarenta anos.

Até que Deus fez nascer o filho de Manué e de Saraá, do clã de Dã. Saraá era estéril como a Sara de Abraão. Mas Deus agiu sobre ela e fez nascer Sansão, homem de temperamento arredio como o dos adolescentes de hoje em dia, que vivem entre 1.075 1.055 antes do Justo dos Justos, Jesus Cristo Nosso Senhor.

Já crescidinho e dono de si, Sansão se mostrou um homem passional e vingativo. Certo dia desceu à cidade de Tamna se apaixonou pela filha de um filisteu. Pai, me arruma um casamento com essa moça, pediu Sansão. Seus pais desconversaram. Meu filho, há tanta mulher entre as filhas de nossos irmãos. Ajeite-se por aqui, que esse povo lá não é flor que se cheire. Sansão não aceitou o parecer. Homem de matar leão a grito, com suas mãos fortes, Sansão levou seus pais à cidade da moça, para conhecê-la. Casou-se e fez um enorme banquete. No qual, por causa de uma charadinha boba, tipo o que é o que é, acabou matando trinta dos filisteus. É que sua mulher revelara a resposta a eles, depois de obtê-lo do próprio Sansão através de um sentimentalismo francês baratíssimo. Depois de matar a turma toda, deixou a mulher para trás. Homem dado a bizarrices, esse moço.

Um tempo depois Sansão resolve se reconciliar com sua esposa. Tarde demais. Seu sogro lhe oferece a irmã mais nova, porque a ex-esposa já estava com um seu ex-amigo. Mui amigo. Mais um vez revoltado com a vida e com tudo o homem agrupa trezentas raposas e, colocando fogo em suas caldas, devasta as plantações dos filisteus. Querendo resolver a questão por meios nada ortodoxos, os filisteus matam quem? A ex-mulher de Sansão e o ex-sogro. E três mil filisteus conseguem prender Sansão, que com a ajuda do Senhor consegue se livrar das amarras.

Indignado com a repreensão indireta e coma  prisão direta, Sansão mata mil homens com uma queixada de jumento. Na tora. Cansado do batente, sente sede e clama a Deus, que lhe sacia. Sansão foi juiz em Israel por vinte anos. Mãos duras ele tinha, imagino.

Mas a história não termina aqui. Pelo contrário. Ainda não falamos de Dalila, ainda não falamos da cabeleira de Sansão. Aguardemos a próxima aula, entretanto.

Gedeão

Batalha de Gideão contra os madianitas, por Nicolas Poussin
Batalha de Gedeão contra os madianitas, por Nicolas Poussin

Como vocês estão? Descansaram no final de semana? Espero que não tenham destruído na sala de televisão o que resta de suas inteligências. Vou lhes falar uma coisa. Para o nosso cérebro, é preferível antes ir a um show de rock a assistir aos programas de auditório de Domingo. Assistam a uma hora de Domingão do Faustão e sua mente necessitará de dois meses de exercícios intensos para se reequilibrar. Se querem um conselho, aí segue: mantenham-se distantes dessa coisa. Não lhes fará falta.

Voltemos às vacas magras. Estávamos falando de Débora, a primeira juíza dos hebreus. Os juízes eram governantes, magistrados. Enfim, líderes políticos. Depois que ela se foi, segui-se um período de acefalia política. Ou seja, Israel não tinha um líder significativo. E a coisa meio que desandou.

Depois de décadas de calmaria seguida de pura devassidão, o Senhor entregou os israelitas nas mãos dos midianitas por sete anos. E as mãos de Madiã se tornou pesada contra Israel. Deus, consultado, foi sincero. O problema de vocês não era agrícola, nem militar, mas espiritual, cambada! E escolheu para servi-Lo um fazendeiro do clã mais fraco da tribo de Manassés: Gedeão, que viveu aproximadamente entre 1.162 e 1.122 a.C., e, mais recentemente, deu nome àquela empresa que fabrica Bíblias para os hotéis. Vai, Gedeão, e liberta logo esse povo dessa aflição sem fim! Mas o homem, incrédulo como só ele, pede um sinal – e então Deus lhe mandou um anjo que devorou os pães e a carne sem fermento que preparara. Ali Gedeão ergueu um altar ao Senhor. Ali onde? Em Efra de Abiezer.

A tarefa de Gedeão era clara, vocês já perceberam: acabar com Madiã, Amalec e os filhos do oriente. Eles, por falar nisso, já estavam acampados na planície de Jezrael. Gedeão soou a trombeta e Abiezer se agrupou em sua retaguarda; depois vieram todo o Manassés, Aser, Zabulon e Neftali. Gedeão, cá entre nós, era meio desconfiado. E pediu mais um sinal a Deus e recebe. Fôssemos nós, talvez já tivéssemos perdido a paciência com o rapaz. Mas Deus é a Infinita Paciência.

E aí Deus olha para aquele exército e vê que ele está muito grande demais. E pensa, com justiça, que uma vitória nessas condições os encheria de vaidade própria. E manda que despeçam os mais medrosos. Foram-se vinte e dois mil. Eita! Virem homem, rapazes! Ficaram dez mil homens. Ainda assim era um número considerável. Então Gedeão os manda descer à beira da água: os que tomarem água a lambendo como cães, com a mão à boca, foram trezentos; os demais, que se ajoelharam, foram dispensados. Curiosa forma de seleção de um exército vencedor. É Deus com seus caminhos.

Gedeão, temeroso, obedece a Deus e vai ao acampamento inimigo ouvir o grau de suas conversas. Lá escuta um sonho e sua interpretação e se anima. É nós. O Senhor entregou Madiã nas mãos dos israelitas. Gedeão e os seus se dirigiram à extremidade do acampamento no começo da vigília da meia-noite e tocaram trombetas e quebraram os vasos que tinham nas mãos. Levantando as tochas acesas, gritaram: Espada pelo Senhor de Israel e por Gedeão! Todo o acampamento inimigo se agitou em medo e terror e os madianitas se puseram em fuga, depois de lutarem uns contra os outros. Acreditam? Os caras enlouqueceram ao ponto de lutarem uns contra os outros…

Ao fim e ao cabo, Gedeão recolheu os anéis dos madianitas. Novamente reunido, o exército de Israel perseguiu Madiã, com isso prendendo e matando seus líderes Oreb e Zeb. E descansaram por quarenta anos.

Medicamento para a alma

A quem recorrer em caso de desespero, Alarico?

Vai da pessoa e do tipo de desespero. E da origem dele, também. Geralmente funciona recorrer a tudo o que desendoidece. E como disse Riobaldo Tatarana, o que desendoidece a gente é a Religião. É verdade.

O que você chama de ‘recorrer à Religião’?

Estou falando de ter relação com Deus. E abrir a alma às transformações que essa relação certamente trará. Não será fácil, porque a maior parte de você é mundo. E Deus é o fogo que devorará o mundo que há em você. Vai doer. Ao longo do processo você apanhará um bocado. Você vai querer desistir, voltar ao mundo. Aliás, certamente você desistirá algumas vezes. Cansado, cínico, cético, preguiçoso. Mas com a ajuda dos Céus voltará ao caminho. Os resistentes vencerão.

Mais especificamente…?

Mais especificamente? Veja. Haveria muito o que dizer aqui. Mas você pode não ser capaz de entender agora. Em bom português, mais especificamente, busque os sacramentos, leia os Evangelhos e a vida dos santos. E o mais importante: ame de verdade as pessoas, a começar por você mesmo. Isso não é autoajuda, não. Amar o próximo quer dizer parar de falar mal das pessoas / parar de encher-lhes o saco / parar de pressupor más-intenções onde provavelmente só há ignorância, preguiça e fraqueza de espírito / preocupar-se com o genuíno sofrimento das pessoas e fazer o que está a seu alcance para aliviá-lo.

Também não vai atrapalhar se você fizer orações / abster-se periodicamente de coisas que lhe são muito atraentes / deixar de preguiça e fazer o que deve ser feito / e principalmente aceitar as coisas como são. Porque embora o homem bagunce um pouquinho o mundo é importante entender que as coisas só acontecem porque Deus permite. Toda revolta é, em última análise, uma revolta contra Deus.

Débora

Jael, Débora e Barac, por Salomon de Bray
Jael, Débora e Barac, por Salomon de Bray

Foi então que Deus mandou-lhes Débora, profetisa, mulher de Lapidot, que atendia à sombra da palmeira de Débora, entre Ramá e Betel, na montanha de Efraim. Viveu aproximadamente entre 1.209 e 1169 a.C. Lá pelas tantas, ela mandou chamar Barac e lhe lembrou da promessa do Senhor, de entregar Sísara, chefe do exército de Jabin, em suas mãos. Só que ele teria de se mover, claro. Levar dez mil soldados, escolhidos entre os filhos de Neftali e Zebulon. Mas o homem disse que só ia se Débora fosse junto. É mole?

Ela aceitou ir, mas disse que dessa forma os louros da vitória não recairiam sobre ele. Convocados os soldados, mãos à obra. No momento da batalha, Sísara fugiu com medo dos israelitas e todo o seu exército caiu no fio da espada. Sísara se refugiou na casa de Jael, mulher de Héber, o quenita, um aliado. Porém a mulher aproveitou enquanto Sísara dormia e lhe afundou uma estaca na têmpora. Quando Barac chegou ao local, buscando Sísara, Jael só lhe disse: vem ver o que fiz. Era a derrota de Jabin, rei de Canaã. A mão dos israelitas pesou duramente sobre Jabin, que acabou sendo morto. Foi aí que Débora declamou uma linda canção de vitória. Imperdível. Israel ganhava noção do que era ser Israel, vitoriosa sob a proteção de Deus.

Fizeram-se quarenta anos de calmaria. E vocês já sabem. Quando as coisas relaxavam, o que os hebreus faziam? Se esqueciam do Senhor. Se moldavam às culturas dos vizinhos. E assim foi até que, sem um líder forte, começaram a perder batalhas. Uma atrás da outra. Era a hora de começar a clamar aos céus. Como de costume.

Mais uma meia verdade de lascar

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Lá na frente, Deus vai te surpreender. Acredite…

Meditemos sobre esse oráculo. O que pensar a respeito dessa meia verdade? Uma meia verdade bem cretina. Sim, porque é evidente que Deus vai nos surpreender. Sempre. Simplesmente porque a Sabedoria Divina não cabe em nossa cabeça e nunca caberá. Por isso ele está e estará sempre nos surpreendendo.

Agora o filho de Deus autor dessa mensagem está certo de que Deus nos vai surpreender positivamente. Ora, ora. Não necessariamente, meu amigo! É certo que ele vai nos surpreender. O que não é certo é que nós vamos gostar da surpresa. Acredite. E se acautele (vigiai e orai, em bom português).

Época dos Juízes

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Por que os israelitas já se haviam debandado para o lado dos deuses outros dos cananeus e adjacências, Deus contra eles virou a sua face. Temporariamente. Sim, porque logo resolveu mandar-lhes alguns líderes para tentar colocar ordem na casa e na alma do povo. Esses líderes foram chamados juízes. Eram uma espécie de governante e magistrado com poderes espirituais. E essa, meus senhores, é a chamada Época dos Juízes, que foi mais ou menos de 1.375 a 1.050 a.C.

Os juízes conseguiam manter a fidelidade dos hebreus em um nível um pouco acima do intolerável. Uma vez morto um juiz, tudo voltava a ser como antes. Desobediências, adoração a deuses estrangeiros e o escambau. E alguns dentre os israelitas começava a clamar aos céus por uma ajudinha do Senhor. Que, consternado, sempre ajudava. Porque o Deus de Israel é um Deus de Infinita Misericórdia.

O ciclo era esse, e sempre esse: Israel, obediente, serve ao Senhor — Israel cai no pecado da idolatria — Israel é dominada pelos inimigos — Israel clama ao Senhor — O Senhor lhes dá um juiz justo — Israel é então salva das mãos dos inimigos. Só que não pára aí. Porque depois de, obediente, servir ao Senhor, Israel cai novamente no pecado da idolatria. Então Israel é dominada pelos inimigos e por isso começa a clamar ao Senhor… De novo e de novo.

Durante a Época dos Juízes, os israelitas não passavam de uma confederação pouco coesa de tribos, que só se reunia em torno dos juízes em momentos de ameaça externa. E aí se foram dois séculos marcados pela luta em torno do território palestino.

Eu vou ser sincero com vocês. Já não é possível contar a vocês todos os fatos como se passaram. Teremos de nos contentar com um resumo dos principais acontecimentos. Quem se interessar pode recorrer às Sagradas Escrituras, que lá está tudo explicadinho. Quem quiser ver gravuras e pinturas dos acontecimentos, que vá ao Google ou à Enciclopédia Britânica. Eu aconselho.

A primeira juíza famosa foi Débora. Antes dela os israelitas tiveram Otoniel, filho de Cenez, que os libertou das mãos de Cusã-Rasataim, rei de Aram Naaraim. Depois disso, Eglon, o líder dos moabitas, forjou uma coalisão que oprimiu Israel por dezoito anos. Os hebreus pediram e Deus lhes empossou um novo juiz de nome Ehud, que atacou o rei de surpresa em uma reunião que havia convocado. Homem de fibra, o rapaz. E houve paz em Israel por oitenta anos.

O tempo passa e os hebreus fizeram o que era mal aos olhos do Senhor. Vocês já sabem do que se trata. Por isso Deus os entregou a Jabin, rei de Canaã, que reinava em Hasor. O chefe de seu exército era Sísara, que habitava em Haroset-Goim. Israel clama a Deus. Ai, meu Deus, desculpa a nossa infidelidade. Prometemos que não vamos mais pisar na bola! Olhe por nós, seu povo! E Deus lá de cima ouvindo a conversinha deles. Até que se compadeceu mais uma vez.