Arquivo mensal: março 2015

Prêmio Cidadão do Mês (março de 2015)

africanes
Fonte: http://africanes.arteblog.com.br

O Prêmio Cidadão deste mês de março vai para um coletivo de pessoas. Há poucas semanas um grupo de ativistas ‘ocupou’ uma sala durante uma aula de Microeconomia na Universidade de São Paulo para ‘dialogar’ com os alunos sobre racismo e cotas para ingresso na universidade.

Eles entraram na sala de aula e começaram a dar o seu recado. Por um ou dois minutos, disseram que havia poucos negros naquela sala de aula e que, então, estavam, naquele momento, propondo o debate sobre racismo no ambiente universitário.

A professora até tentou pedir que fosse agendado um horário diverso de sua aula, que precisava ser concluída. “Você acha então que a sua aula é mais importante que a questão racial?”, disse um dos premiados.

A discussão seguiu, exaltada, por cerca de dez minutos. Os premiados ativistas se expressavam com ‘cala-a-boca’, ‘você é racista’, ‘otário’. Os alunos queriam ter aula e foram insultados por isso.

Por seu senso de oportunidade, pela contribuição que deram ao debate das cotas nas universidades, mas principalmente por dar ensejo ao aparecimento público de uma figura admirável como Fernando Holiday, o negro mais negro de sua geração, um novo Lima Barreto, esse invasores de salas de aula, pentelhos, desbocados e mal-educados, receberam de nossas mãos o prêmio de Cidadão do Mês de Março de 2015.

“Se todos fossem iguais a vocês, que maravilha viver”…

Quiromancia

cigana

A Quiromancia é uma técnica antiga vinda não sei de onde. Provavelmente do Oriente Próximo ou dos Balcãs. Como em toda arte, também nessa há os bons o os maus praticantes, há os machados e há os paulos.

No Brasil, suas artífices mais populares vestem-se de saias baratas de variadas cores, perambulam pelo centro das grandes cidades e atendem pelo nome de ciganas. Geralmente andam em bando de três ou quatro senhoras. E não se fazem acompanhar de ciganos — que geralmente estão em uma concessionária comprando caminhonetes. Passam pelas ruas com seus dentes de ouro. E pegando nas mãos das pessoas sem pedir licença. Pegam nas mãos e oferecem seus serviços.

— Posso ler a sua sorte, dona?

As mulheres entre 45 e 55 anos são os alvos preferidos das ciganas de roupa colorida. Porque são as que mais respondem positivamente à oferta. Uma série de angústias acumuladas pela idade, sei lá, uma sensação de que a única coisa a fazer é tocar um tango argentino, um aperto no peito, uma falta de ar, um ‘me segura que eu estou caindo’. Tudo isso explica porque as senhoras dessa idade oferecem a mão às ciganas de saias coloridas.

— Toma, minha filha. Diga o que a vida tem para mim

E a cigana, atenta às linhas do destino impressas na mão direita das donas, dana a falar da vida que se espera e da vida que não se espera. — Seu marido ama você, mas está te traindo. — Em breve você ganhará um bom dinheiro, mas deve ficar atenta. — Seu filho está mexendo com drogas. — Alguém na sua família está sofrendo muito com o alcoolismo. — Sua filha está com uma doença, mas não se preocupe que não é nada grave, basta levar no doutor.

Recebem seus tostões e seguem viagem. Uma viagem que não tem destino certo, rumo ao tudo e ao nada. Atrás das mulheres de meia idade, de olhar baixo e distante, que passam como formigas pelas ruas das cidades, ávidas por uma  palavra qualquer, uma luzinha que seja, apontada para as incertezas de um futuro maior do que a vida.