Dario não perdoara os atenienses pela derrota na Batalha de Maratona. Porém, não teve tempo de revidar. Morreu em 486 a.C. Outro que morreu logo foi Milcíades. O sucesso da última batalha lhe subiu à cabeça e o homem resolveu convocar os atenienses para atacar Paros, para expulsar um barco persa que lá, segundo disse, havia ancorado. Porém, perdeu a batalha e voltou para casa com a perna quebrada. Os atenienses entenderam que ele estava muito ousado. E o puniram. Pouco depois ele morreu. Como também morreu Cleômenes, rei de Esparta que a havia levado ao esplendor militar em toda Peloponeso. Chamado de volta do exílio, enlouqueceu de todo e, na cadeia, suicidou-se. Triste fim.
Uma nova geração de homens sucedia aos mortos. E herdava a rivalidade já conhecida. Na Pérsia, Xerxes, filho de Dario, assim que assumiu se ocupou alguns anos com os egípcios, que se rebelaram contra os persas em 484 a.C. Mas, vejam, Xerxes provavelmente não era a moça estranha que Hollywood pintou. Acautelem-se.
Enquanto isso Atenas se abria ainda mais à democracia, o polemarca e os arcontes perderam poderes e deu-se poder supremo à assembléia popular. O Aerópago, entretanto, ainda continuava nas mãos das classes superiores. Atenas criou um mecanismo interessante contra a tirania: uma vez por ano os atenienses colocavam nas urnas o nome de um qualquer cidadão que eles julgassem perigoso. Se houvesse mais de seis mil votos totais, o nome do cabra que maior votação tivesse era escolhido para o exílio, para o ostracismo, que durava dez anos. Em 487 a.C. exilou-se um membro da família de Psístrato; em 482 a.C., a Aristides.
Mas, até tu Aristides? Sim. É que enquanto os persas se livravam dos egípcios, Atenas discutia como iria se proteger. Uma discussão colocou em lados diversos Aristides e Temístocles. O primeiro, interpretando um oráculo, achava que deveriam construir um muro de madeira em torno da Acrópole, para que ali dentro se formasse uma resistência. Já o segundo insistia que o tal muro de madeira eram os velozes barcos atenienses, os trirremes. Conversa daqui, conversa de lá, e ninguém resolvia nada. Até que decidiram: exilaram Aristides e nomearam Temístocles como ministro da defesa. Fácil como isso mesmo. E a frota foi finalmente construída, com o dinheiro arrecadado das minas de prata que foram descobertas em Atenas em 483 a.C. Bravo e sábio Temístocles, de quem a vitória de Atenas é tão devedora!
Resolvida a questão egípcia, em 480 a.C., dez anos após a Batalha de Maratona, Xerxes partiu em direção a Atenas, para a desforra, a grande desforra. Porém, não sem antes passar pela Macedônia, que acabou sob seu domínio. Calcula-se que nesse ponto seu exército tinha cerca de 200 mil homens. À medida em que ele se dirigia à Grécia mesma, as cidades gregas se uniam fortemente em um só coro. Foi assim. Aconteceu um encontro na cidade de Corinto, em 481 a.C., liderado pela grande Esparta seguida de Atenas (Argos não participou, por sua rivalidade com Esparta; e Tebas, apenas pela metade, por sua raivinha contra Atenas, por conta da questão de Plateia). Pediram ajuda a Creta, Corcira e a Sicília. A primeira não podia, a segunda não queria. Sicília estava disposta, mas seu chefe, Gelón de Siracusa, para ajudar queria liderar. Nada feito, pois Esparta não era boba. Também estava com problemas intestinos, de confrontos entre os gregos da Sicília oriental e os cartagineses da Sicília ocidental. Tinha que arrumar a casa antes.
Então, Atenas e Esparta estavam sós. E os persas avançaram, começando pela Tessália, que pediu ajuda à liga de Corinto. Soldados foram enviado, mas logo viram. Era melhor recuar, diante do tamanho do exército persa. Resultado: a Tessália e o norte da eram dos persas.
Mas isso não quer dizer que estava tudo resolvido. Os persas avançavam e os gregos (quer dizer, os atenienses e os espartanos) também estavam querendo briga. Eis aí os primeiros traços da Batalha de Termópilas, tema da próxima aula.