Arquivo mensal: dezembro 2014

A alma dos passarinhos

Quando um pássaro morre, Alarico, sua alma vai para o ‘céu dos passarinhos’?

É evidente que vai. Essa sentença está em uma poesia de Manuel Bandeira. E eu não costumo entrar em discussões com ele. Se ele falou, para mim é caso encerrado. O pardal morreu. A moça enterrou seu corpo no jardim. E a alma, Alarico? Ora, a alma foi para o céu dos passarinhos. Ponto final. Quem duvida disso bom sujeito não é.

Responsabilidade sócio-ambiental

Hoje em dia é moda. As empresas têm que investir em projetos sócio-ambientais. Quanta bobajada! Se a empresa não investe em cultura, em meio ambiente e em cidadania. Pronto! É um instrumento do capitalismo selvagem. Um antro de desalmados. Mas, sejamos sinceros: o que você espera de uma montadora de carros? Ora, que fabrique carros: bons, potentes e, se possível, confortáveis. E que não maltrate seus empregados. O que você espera da Coca-Cola? Que continue fabricando Coca-Cola e que não maltrate seus empregados. Ponto final. É ridículo, por exemplo, que a Samsumg coloque milhares de reais em projetos de valorização do samba nos morros cariocas; ou que a Natura invista na preservação do mico-leão-dourado.

Todo mundo sabe que é assim: na estrutura das empresas, eles terceirizam esse negócio. Tipo: contrata uma ONG para fazer essas coisinhas aí. Então eles incrustam uns hippongas lá dentro da empresa. E dedicam, sei lá, 0,02% dos lucros para as bordadeiras de Olinda ou para os canoeiros de alguma comunidade amazonense. E assim a parte essencial da empresa, a parte que funciona de verdade, a sua razão de existir, pode continuar existindo independente dos atropelos da tal responsabilidade sócio-ambiental dos empreendedores.

Por sua vez, os ongueiros institucionalizados, responsáveis pela parte da responsabilidade sócio-ambiental, emitem relatórios mensais para que os empresários possam exibir as ações de cidadania para a imprensa e para os investidores (que estão pouco se lixando para isso, mas fazem cara de que se importam). A publicidade das ações sociais das empresas é como que um pedido de desculpas. Desculpem-nos por existir. Não batam em nós. Vejam como nós somos bonzinhos.

O suprassumo da avacalhação litúrgica

Alarico, o que há de mais bizarro nas missas da sua cidade?

Bom, certamente há infrações graves. Sobre elas eu já falei com o meu bispo. Mas, como ele disse, terá de ir comendo pelas beiradas. Senão vão chamá-lo de fascista. Querer impor o cumprimento da Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium e da Instrução Redemptionis Sacramentum? Fascismo! Fascismo! Fascismo!

Algum exemplo?

Não sou liturgista. Não saberia catalogar as faltas por nível de gravidade. Os rins e os corações quem sonda é o Senhor. No aspecto procedimental, porém, o que me parece mais bizarro são as bandas de música que tocam aquelas musiquinhas tipo new age na hora em que o sacerdote ergue as espécies na Consagração. Pô. A recomendação é o silêncio absoluto. Não tem essa de ficar tocando musiquinha nessa hora… E o que é pior: uma musiquinha que acabou de sair da cabeça do jovem. Uma musiquinha que veio vindo, assim, de dentro. Sabe como?

Realmente, as equipes de liturgia costumam fazer isso mesmo…

Fazem isso e muito mais, né?

Você acha que as bandas de música na Missa, na formação clássica do rock, com bateria, baixo e guitarra, estimulam a interiorização meditativa, Celestino?

Você está de brincadeira, meu rei. Não sei nem como responder a essa sandice. Seja como for, tem gente que entra no clima. Que clima? Não sei, mas é evidente que estão no clima. Você veja na minha paróquia, por exemplo, a performance das dançarinas da equipe da liturgia quando resolvem cantar, na hora do ‘Santo’, uma versão axé que diz assim: “Mas / o meu Deus é Santo / e a Terra cheia / de sua Glória está… Céus e terra passarão. Mas suas palavras não passarão”. Nessa hora tem gente que cisma que está dançando axé. E o povo entra no clima, né? Quem vai negar?

O que me consola quando vejo uma coisa dessas é justamente essa grande verdade: Céus e Terra passarão. Principalmente a Terra. A Terra passará…

Adolescentes

Quem são os adolescentes, Alarico?

São seres intermediários. Não são nem uma coisa nem outra. Nem crianças, nem adultos. São o quê, então? Nessa fase, ainda não são nada. Estão em busca de uma definição. São por isso como o personagem dos sonetos gêmeos de Augusto Meyer: porosos a tudo. Alma aberta às auroras que hão de nascer. Aberta às auroras, sim. Mas também aberta a todo tipo de besteiras e de enganos. Que se o bom Deus lhes for favorável logo serão esquecidos como coisas de uma adolescência que já passou. Por isso os adolescentes têm de ser orientados. Mas sobretudo os adolescentes têm de ser amados e perdoados.

Existe vida adulta saudável sem essa travessia, Celestino?

Provavelmente não. Se a adolescência não é resolvida, ela se manifestará na vida adulta como um sentimento difuso de revolta ou de desamparo. Se o sujeito teve uma infância conturbada, a vida adulta acabará dando um jeito. Ele será um artista, trabalhará como palhaço ou será um escritor de mão cheia — se, como disse Manuel Bandeira, tiver o cadinho onde, pelo calor do sentimento, as emoções morais se transmudam em emoções estéticas. Uma infância complicada tem solução. Uma adolescência mal-resolvida, não.

A sua adolescência, Celestino, foi bem-resolvida?

Sim e não. Tive muita liberdade. Mas carreguei muita pedra, também. As minhas costas se curvaram um pouco tentando suportar o peso. Ainda dói um pouco, hoje que a maioria das pedras já não está comigo. Essa questão das pedras é um grande tormento. Mas nem todo mundo tem a maldade para perceber. Se você tem algum adolescente por perto, vai um conselho: ajude-o a carregar as pedras.

Homens católicos

Alarico, onde estão os homens católicos?

Não faço a menor ideia. Nas missas é que não estão, né? As paróquias estão cheias de senhorinhas viúvas e de mulheres mal-casadas que vão à Missa sem os maridos. E os homens? Provavelmente estão em casa vendo televisão ou trocando lâmpada. Ou na rua, jogando peladinha com os amigos, tomando cerveja ou comprando picanha para o churrasco.

Por que isso está acontecendo, Celestino?

Eu tenho um palpite.

Qual é? Não vai dizer que Religião é coisa de mulher…

Naturalmente, não. Religião é coisa de gente. Mas a verdade é que hoje o catolicismo de paróquia está muito emotivo. Todo mundo tem que se sentir bem, tem que gostar da Missa, tem que achar o padre agradável. Tudo isso é frescura. Todo mundo sabe que isso é frescura. Mas é assim que começa a avacalhação. Para que as pessoas se sintam bem, as equipes de liturgia vêm com musiquinhas de adolescente. Algumas, convenhamos, muito feias. Para que as pessoas gostem das Missas, os animadores da liturgia tratam de bater palminhas e levantar as mãozinhas no Glória. E os padres? Se eles querem ser queridos pela comunidade, acham que têm que falar com vozinha de homem doente. Pô. Não é assim que as coisas funcionam! Com tanta viadagem, não assusta que os homens estejam longe das paróquias.

Mas as Igrejas não têm de ser um lugar agradável para os filhos de Deus?

Não necessariamente. O que tem de ser agradável para as pessoas é a cama delas. A Igreja tem de ser um lugar propício para se ouvir Deus e para falar com Ele. Ponto. Para que isso aconteça ela tem de ser, no mínimo, um lugar bonito. Simples ou magníficos, os templos têm de ser belos por fora e por dentro. E os padres têm de falar como homens. Têm de exortar à virtude, têm de fomentar a esperança e, de vez em quando, têm de puxar a orelha da galera. Têm mesmo. O resto, essa coisa de musiquinha, palminhas e vozes delicadas, só serve para atrair mulher carente. Pode anotar.

Da Grécia se aproxima o Império Persa

Fonte: http://historiaespetacular.blogspot.com.br/
Fonte: http://historiaespetacular.blogspot.com.br/

No que nos interessa aqui cabe dizer que a Assíria foi tomada pelos povos medos e pelos caldeus em 612 a.C., quando Nínive foi então tomada. Dois impérios foram criados em seu lugar. No primeiro deles estavam a Babilônia, a Síria e a Fenícia, governado por Nabucodonosor, nosso conhecido, a partir de 605 a.C. Foi ele quem destruiu o Reino de Judá e transferiu os judeus ao chamado cativeiro babilônico.

Ali perto, em 558 a.C., Ciro sucedeu o pai no governo da Pérsia e logo começou uma a provocar o rei medo Astiages. Que ao final se derrotou. Tornou-se o governante do que já passava a ter os contornos de um Império Persa. E o homem era de briga. Caçou nova confusão com a Lídia, de Creso. E venceu novamente. E os gregos? Tales de Mileto já havia anunciado. Sem uma confederação que una nossos esforços, nos daremos mal, senhores. Muito mal. Porém, não houve confederação coisíssima nenhuma. Não se juntaram, verdadeiramente. As cidades foram tomadas pelos homens de Ciro. Apenas Mileto foi capaz de escapar. Ciro era um grande conquistador. Uma vez morto, seu filho, Cambises, não agiu de modo diferente. Seu pai havia conquistado parte do Império Caldeu. Chegou próximo da China e da Índia. O filho quis abocanhar o Egito. O que acabou acontecendo por volta de 525 a.C. Mais uma conquista para o Império Persa. Um império muito recente, de uma geração. Nesses casos, a vitória ainda não está consolidada. Não há propriamente uma tradição de império. Daí que para mantê-lo é preciso muita e variada perspicácia.

Rebeliões naturalmente pipocavam aqui, ali e em todo lugar. No Egito. Na Babilônia. Dario I, sucessor de Cambises, deu um jeito na coisa toda em 521 a.C. Conseguiu calar as rebeliões e decidiu uma coisa muito sensata. A gente não vai conquistar mais nada enquanto não consertar com jeito e senso o rumo das coisas nas terras que já conquistamos. E tenho dito. Designou sátrapas para governar suas vinte províncias e arrumou as estradas. Tudo feito, restava conquistar o que ainda não havia sido conquistado. Justamente a Europa. E vâmo que vâmo. O Dario I seguiu em 512 a.C. em direção à Trácia, região que fica ao Norte do Mar Egeu. No bom português, a região que hoje está parte da Bulgária e parte da Turquia. Estava tudo dominado. Algumas terras gregas foram conquistadas. Pouca coisa. Dario deu-se por satisfeito e decidiu voltar para casa. Porém, a situação da jônia, submetida ao domínio dos persas, era fonte presumível de problemas. Como veremos na próxima aula.

Os últimos dias de Moisés

Uma coisa era certa. Moisés não entraria na Terra Prometida. Deus falou, acabou. Mas Ele queria que Seu servo contemplasse o presente dos céus que Ele daria a seu povo. Mandou que ele subisse na montanha da cadeia dos Albarim e contemplasse o mundaréu. Após o quê Moisés deveria se reunir aos seus, como Aarão já fizera. Pois fostes rebeldes no deserto de Sin quando a comunidade contendeu contra mim e eu vos ordenei que manifestásseis diante dela a minha santidade pela água.

Moisés, cioso de seus deveres, pediu ao Senhor que estabelecesse sobre a comunidade um homem que fosse à altura. Deus mandou Moisés tomar Josué, diante de Eleazar e de toda a comunidade, e impor-lhes as mãos. Dar-lhe as justas ordens e passar-lhe parte de sua autoridade. Uma variada sorte de questões administrativas tomaram Moisés antes de sua morte. E antes que o povo cruzasse o Rio Jordão. Na verdade, Moisés estava resolvendo detalhes de como seria o Código Civil hebreu, na época. Organização do culto, que fazer com crimes e vinganças intestinas, como tratar prisioneiros de guerra, heranças e muito mais.

Em certo dia, do outro lado do Rio Jordão, Moisés fez discurso a seu povo. Um discurso bonito deveras. Emocionante. Lembrai-vos de quem sois e a Quem pertenceis. Fala das maravilhas que Deus fez a seu povo e deixou dito e redito que nunca existiu um povo tão chegado de Deus como Israel. Não é por causa da tua justiça que o Senhor teu Deus te concede possuir esta boa terra, pois tu és um povo de cerviz dura! Com razão, Moisés. Ele então subiu então das estepes de Moab para o monte Nebo, ao cume do Fasga, que está diante de Jericó. E o Senhor lhe mostrou toda a terra: de Galaad até Dã, todo o Neftali, a terra de Efraim e Manassés, toda a terra de Judá até ao mar ocidental, o Negueb e o distrito da planície de Jericó até Segor. Esta é a terra que, sob juramento, prometi a Abraão, Isaac e Jacó. Prometi segundo graciosas palavras. ‘Eu a darei à tua descendência’.

O fim de Moisés estava mais que próximo. Estava ali mesmo. E ali mesmo, na terra de Moab, ele morreu aos 120 anos e foi-se juntar aos seus, como já havia feito Aarão. O povo chorou sua morte por trinta longos dias. Nunca mais surgiu um profeta como Moisés. Em compensação pela perda, Josué, já ungido pelo próprio Moisés, estava preparado para fazer a sua necessária parte no serviço. Todos o obedeceram, porque foi assim que o Senhor mandou. Manda quem pode, obedece quem tem juízo.

As serpentes e a cura que vem do Céu

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Depois que os hebreus tomaram Horna, com a ajuda de Deus, o povo voltou a murmurar contra Moisés. O Senhor então lhes enviou serpentes terríveis, que fizeram muito hebreu morrer sem recurso. O povo, para variar, implora a Moisés que interceda junto ao Senhor. Vacilamos mais uma vez, ao falar mal de Deus e de você, Moisés. Ajuda nós. O Senhor lhe recomendou então que colocasse uma serpente de bronze na ponta de uma haste, para que quem fosse mordido pudesse olhá-la e ficar curado. A cura vem dos céus. Sempre.

A caminhada prossegue. Israel pede passagem aos amorreus. Assim como aconteceu com os edomitas, eles não estão dispostos a ajudar os israelitas. Então os hebreus se defenderam bastantemente de um ataque de seu rei Seon e os venceram. Não se vexaram de ocupar as cidades dos amorreus, Hesebon e todos os arredores. Moisés enviou exploradores tenazes a Jazer, e Israel a tomou. Tomou Jazer e a seus arredores. O Exército do Senhor começa a mostrar a que veio. Depois, tomaram a terra de Basã, do rei Og. Partiram e acamparam nas estepes de Moab, além do Jordão, a caminho de Jericó. Os reis locais já se sentiam intimidados com os hebreus. Pois a notícia corria forte. Esse povo é destemido. O governante de Moab, Balac, convocou Balaão, um vidente pagão, para que amaldiçoasse os israelitas. Balaão montou em seu jumento, que entretanto empacou sem explicação. Depois de umas chicotadas, o jumento relevou a Balaão que os israelitas seriam abençoados; e Moab, amaldiçoada. Sim, é isso mesmo que vocês ouviram.

Para não perder o costume, os hebreus se entregaram à prostituição com as filhas de Moab. O povo satisfeito comeu e se prostrou diante dos deuses das mulheres moabitas, em especial o Baal de Fergor. Deus, irado como só Ele, mandou a cada um dos líderes que matasse sem dó nem piedade aqueles que se ligaram a esse ‘deus’. Finéias, filho de Eleazar, filho de Aarão, viu então um dos israelitas trazer uma madianita, sob os olhos de Moisés e de todos que já choravam por conta de uma praga que havia tomado os israelitas mais uma vez. Finéias tomou uma lança e lá o matou pelo ventre. O desgraçado e a mulher com quem ele estava. E a praga que há matara 24 mil filhos de Deus cessou. O Senhor se alegrou com Eleazar e anunciou a Moisés que faria com ele e com sua descendência uma aliança de paz. Moisés contou as cabeças e viu que todos os desobedientes já tinham morrido. Estavam, pois, prontos para entrar na Terra Prometida. Escutem bem.

Moisés tira água do rochedo

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A turma está vazia hoje. Logo agora que nos aproximamos da Terra Prometida… Cadê o resto da turma? Vocês não sabem? Deve ter ido em busca de coisa mais interessante lá fora. Mas não há nada mais interessante a fazer nesta manhã senão acompanhar os últimos minutos da peregrinação dos hebreus pelo deserto. Vamos lá, pois.

Quarenta anos depois daquela grande confusão armada contra Moisés, o povo hebreu encontrava no deserto de Sin. Permaneceu em Cades, onde Míriam ali morreu e foi sepultada. Não tenho culpa da repetição. Mas a verdade é que com sede e por falta de água para beber a grande massa murmurou novamente contra Moisés e Aarão, que então foram para a tenda rezar a Deus. O Senhor ordenou a Moisés que reunisse o povo e fosse com sua vara, reunisse o povo, e diante do rochedo lhe dissesse que era ordem do Senhor que liberasse suas águas. Moisés já um tanto impaciente, entre a cruz e a espada, não quis conversa. Chegou dando cajadadas no rochedo. De fato, dali jorrou água abundante. E o povo se saciou.

Mas tudo tem um porém. Deus considerou bem que Moisés e Aarão não creram em Deus a ponto de O santificarem aos olhos dos israelitas. Por isso e exatamente por isso, eles não poderiam entrar na Terra Prometida. Isso pode nos parecer estranho. Mas o verdadeiro Comandante é Deus. Decisão Dele não se discute. Se cumpre.

Mas o trajeto continuava. Chegaram todos próximos a um território controlado pelos edomitas, descendentes de Esaú. Portanto primos distantes dos hebreus. Só que não os deixaram passar sem luta. Eles recuaram. Deus ordenou a Moisés que levasse Aarão até a montanha, que o despisse e que transmitisse suas vestes a seu filho Eleazar. E ali morreu Aarão, no alto da montanha. Todos choraram sua morte por trinta dias.

Visões da Terra Prometida

Fonte: http://www.igospel.org.br/br/noticia.php?m=*DD5C2807A7A035D0657AE7C651AB66566C71E735
Fonte: http://www.igospel.org.br/br/noticia.php?m=*DD5C2807A7A035D0657AE7C651AB66566C71E735

A coisa começou a perder o controle quando Míriam, irmã chegada de Moisés, e o próprio Aarão, quem diria, deram de murmurar contra Moisés. Com efeito. Tudo isso porque ele desposara uma mulher cuchita. E o que aconteceu? Deus convocou uma reunião com os três na Tenda. Advertiu os maledicentes. Falou que Moisés não era um profetinha qualquer, com quem Deus falava através de visões e de sonhos. Com esse aqui eu falo face-a-face. E ele vê a forma de Iahweh. Por que ousastes falar contra meu servo Moisés? Além disso, Míriam tornou-se leprosa e foi segregada por sete dias para fora do acampamento. Após seu retorno, o povo partiu de Haserot e foi acampar no deserto de Farã.

Já era tempo de saber qual era a da Terra Prometida. E foi o Senhor quem tomou a iniciativa, como sempre. Mandou que Moisés enviasse observadores a Canaã, um de cada tribo. Foram e viram tudo o que queriam ver. E mais além. Daquele lugar jorrava leite e mel. Mas havia um problema. Era uma terra de homens fortes e grandes. O povo temeu, com razão. Diante dos gigantes que habitavam a terra que visitaram, os israelitas pareciam pequenos gafanhotos. Coitados.

Foi aí que o povo israelita entendeu o que estava acontecendo. E se sentiram enganados. Sim, pois se a tal Terra Prometida era habitada por bárbaros gigantes, melhor era ter ficado no bem-bom do Egito. Quem discorda? Porém, a rebeldia de Corá, Datã e de Abirão foi sancionada pelo Todo Poderoso lá de cima. Mortos foram. Sem recurso.

Até que Josué, filho de Nun, e Caleb, filho de Jefoné, rasgaram suas vestes e tentaram com isso tranquilizar o povo amotinado. Dizendo que a conquista da Terra Prometida estava garantida. Pô. Pois se Deus era por eles, quem seria contra eles? Era mais ou menos isso o que queriam dizer. O povo, revoltadinho como só as massas podem ser, queria apedrejar Moisés. Deus, lá de cima, ficou meio irado, de novo. Também, haja paciência, né? Moisés, Seu amigo, conversou com Ele e O acalmou. Disse. Se os matar agora, o que dirão do Deus de Abraão? Que tirou o seu povo do Egito para matá-lo no deserto? Mas porém Deus já não está com tanta paciência assim para se convencer por simples argumentação lógica vinda de homem. Pontificou. Que só Caleb, Josué e seus filhos é que entrariam na Terra Prometida. Quanto aos demais, os vossos cadáveres cairão neste deserto, e vossos filhos andarão errantes neste deserto durante quarenta anos, carregando o peso da vossa infidelidade, até que os vossos cadáveres se consumam no deserto. Tomem, distraídos. Então o Senhor lhes submeteu a quarenta anos de deserto seco. Ao final do qual não restou nem sequer um daqueles perversos amotinados. Porque Deus é o fogo devorador.