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Esparta após as guerras médicas

 

historia-de-las-naciones405[GR]EEsparta e Atenas saíram vitoriosas das guerras médicas, como já vimos. Atenas crescia e Esparta assistia,atenta e resignada com os próprios reveses que sofria. Pausânias, por exemplo, herói da Batalha de Plateia, tendo conquistado Bizâncio em 477 a.C., ficou meio maluco. Vestia-se de persa e achou que era o rei da cocada preta. Dizem que começou a negociar com Xerxes, para conquistar ainda mais territórios com a ajuda dos persas. Os espartanos, que não eram bobos, o convocaram de volta e cortaram suas asinhas. Mais tarde, foi condenado por ter tentado organizar uma revolta interna com a ajuda dos ilhotas. Fez greve de fome dentro de um templo; e quando estava a ponto de morrer foi tirado de lá, para morrer lá fora. Que fim, hein? Também Leotíquidas, herói da Batalha de Micala, foi surpreendido com a mão na botija. Foi desterrado como corrupto.

Vocês então percebem que as demais cidades-estado foram entendendo que os espartanos não eram tão confiáveis assim. Além de serem lentos no agir. Atenas é que era o barato, por seu rigor, por sua prontidão. Argos e Tegea são duas das que começaram a se opor à hegemonia de Esparta no Peloponeso. Mas perderam batalhas e em 469 a.C., Esparta ainda era a força da região. Mas ocorreu um terremoto, dessas coisas imprevisíveis da vida. Em 464 a.C. Empolgados com a indefinição dos governantes, os ilhotas tramaram tomar o poder, mas não deu muito certo. Exilados no Monte Itome, foram rendidos na Terceira Guerra Messênia, em 459 a.C. Despediram-se de Esparta e desde então foram liberados da servidão. Mas, percebam, Esparta não estava passando por uma boa época. E isso ajudou Atenas a se destacar. É o que veremos.

Sansão

SansaoMuito bem. Enquanto Gedeão viveu, reinou a paz em Israel. Uma vez falecido e pranteado, vocês já imaginam o que aconteceu. Lembrem-se do ciclo interminável, da novela mexicana dos hebreus nessa época: Israel, obediente, serve ao Senhor — Israel cai no pecado da idolatria — Israel é dominada pelos inimigos — Israel clama ao Senhor — O Senhor lhes dá um juiz justo — Israel é então salva das mãos dos inimigos. E depois? Depois de, obediente, servir ao Senhor, Israel cai novamente no pecado da idolatria. Então Israel é dominada pelos inimigos e por isso começa a clamar ao Senhor… De novo e de novo, como já lhes disse algumas vezes. E assim foi.

Bem. Uma das partes do ciclo é Deus deixar Israel ao Deus dará. Dessa vez foram entregues nas mãos dos filisteus, também por cerca de quarenta anos.

Até que Deus fez nascer o filho de Manué e de Saraá, do clã de Dã. Saraá era estéril como a Sara de Abraão. Mas Deus agiu sobre ela e fez nascer Sansão, homem de temperamento arredio como o dos adolescentes de hoje em dia, que vivem entre 1.075 1.055 antes do Justo dos Justos, Jesus Cristo Nosso Senhor.

Já crescidinho e dono de si, Sansão se mostrou um homem passional e vingativo. Certo dia desceu à cidade de Tamna se apaixonou pela filha de um filisteu. Pai, me arruma um casamento com essa moça, pediu Sansão. Seus pais desconversaram. Meu filho, há tanta mulher entre as filhas de nossos irmãos. Ajeite-se por aqui, que esse povo lá não é flor que se cheire. Sansão não aceitou o parecer. Homem de matar leão a grito, com suas mãos fortes, Sansão levou seus pais à cidade da moça, para conhecê-la. Casou-se e fez um enorme banquete. No qual, por causa de uma charadinha boba, tipo o que é o que é, acabou matando trinta dos filisteus. É que sua mulher revelara a resposta a eles, depois de obtê-lo do próprio Sansão através de um sentimentalismo francês baratíssimo. Depois de matar a turma toda, deixou a mulher para trás. Homem dado a bizarrices, esse moço.

Um tempo depois Sansão resolve se reconciliar com sua esposa. Tarde demais. Seu sogro lhe oferece a irmã mais nova, porque a ex-esposa já estava com um seu ex-amigo. Mui amigo. Mais um vez revoltado com a vida e com tudo o homem agrupa trezentas raposas e, colocando fogo em suas caldas, devasta as plantações dos filisteus. Querendo resolver a questão por meios nada ortodoxos, os filisteus matam quem? A ex-mulher de Sansão e o ex-sogro. E três mil filisteus conseguem prender Sansão, que com a ajuda do Senhor consegue se livrar das amarras.

Indignado com a repreensão indireta e coma  prisão direta, Sansão mata mil homens com uma queixada de jumento. Na tora. Cansado do batente, sente sede e clama a Deus, que lhe sacia. Sansão foi juiz em Israel por vinte anos. Mãos duras ele tinha, imagino.

Mas a história não termina aqui. Pelo contrário. Ainda não falamos de Dalila, ainda não falamos da cabeleira de Sansão. Aguardemos a próxima aula, entretanto.

Gedeão

Batalha de Gideão contra os madianitas, por Nicolas Poussin
Batalha de Gedeão contra os madianitas, por Nicolas Poussin

Como vocês estão? Descansaram no final de semana? Espero que não tenham destruído na sala de televisão o que resta de suas inteligências. Vou lhes falar uma coisa. Para o nosso cérebro, é preferível antes ir a um show de rock a assistir aos programas de auditório de Domingo. Assistam a uma hora de Domingão do Faustão e sua mente necessitará de dois meses de exercícios intensos para se reequilibrar. Se querem um conselho, aí segue: mantenham-se distantes dessa coisa. Não lhes fará falta.

Voltemos às vacas magras. Estávamos falando de Débora, a primeira juíza dos hebreus. Os juízes eram governantes, magistrados. Enfim, líderes políticos. Depois que ela se foi, segui-se um período de acefalia política. Ou seja, Israel não tinha um líder significativo. E a coisa meio que desandou.

Depois de décadas de calmaria seguida de pura devassidão, o Senhor entregou os israelitas nas mãos dos midianitas por sete anos. E as mãos de Madiã se tornou pesada contra Israel. Deus, consultado, foi sincero. O problema de vocês não era agrícola, nem militar, mas espiritual, cambada! E escolheu para servi-Lo um fazendeiro do clã mais fraco da tribo de Manassés: Gedeão, que viveu aproximadamente entre 1.162 e 1.122 a.C., e, mais recentemente, deu nome àquela empresa que fabrica Bíblias para os hotéis. Vai, Gedeão, e liberta logo esse povo dessa aflição sem fim! Mas o homem, incrédulo como só ele, pede um sinal – e então Deus lhe mandou um anjo que devorou os pães e a carne sem fermento que preparara. Ali Gedeão ergueu um altar ao Senhor. Ali onde? Em Efra de Abiezer.

A tarefa de Gedeão era clara, vocês já perceberam: acabar com Madiã, Amalec e os filhos do oriente. Eles, por falar nisso, já estavam acampados na planície de Jezrael. Gedeão soou a trombeta e Abiezer se agrupou em sua retaguarda; depois vieram todo o Manassés, Aser, Zabulon e Neftali. Gedeão, cá entre nós, era meio desconfiado. E pediu mais um sinal a Deus e recebe. Fôssemos nós, talvez já tivéssemos perdido a paciência com o rapaz. Mas Deus é a Infinita Paciência.

E aí Deus olha para aquele exército e vê que ele está muito grande demais. E pensa, com justiça, que uma vitória nessas condições os encheria de vaidade própria. E manda que despeçam os mais medrosos. Foram-se vinte e dois mil. Eita! Virem homem, rapazes! Ficaram dez mil homens. Ainda assim era um número considerável. Então Gedeão os manda descer à beira da água: os que tomarem água a lambendo como cães, com a mão à boca, foram trezentos; os demais, que se ajoelharam, foram dispensados. Curiosa forma de seleção de um exército vencedor. É Deus com seus caminhos.

Gedeão, temeroso, obedece a Deus e vai ao acampamento inimigo ouvir o grau de suas conversas. Lá escuta um sonho e sua interpretação e se anima. É nós. O Senhor entregou Madiã nas mãos dos israelitas. Gedeão e os seus se dirigiram à extremidade do acampamento no começo da vigília da meia-noite e tocaram trombetas e quebraram os vasos que tinham nas mãos. Levantando as tochas acesas, gritaram: Espada pelo Senhor de Israel e por Gedeão! Todo o acampamento inimigo se agitou em medo e terror e os madianitas se puseram em fuga, depois de lutarem uns contra os outros. Acreditam? Os caras enlouqueceram ao ponto de lutarem uns contra os outros…

Ao fim e ao cabo, Gedeão recolheu os anéis dos madianitas. Novamente reunido, o exército de Israel perseguiu Madiã, com isso prendendo e matando seus líderes Oreb e Zeb. E descansaram por quarenta anos.

Débora

Jael, Débora e Barac, por Salomon de Bray
Jael, Débora e Barac, por Salomon de Bray

Foi então que Deus mandou-lhes Débora, profetisa, mulher de Lapidot, que atendia à sombra da palmeira de Débora, entre Ramá e Betel, na montanha de Efraim. Viveu aproximadamente entre 1.209 e 1169 a.C. Lá pelas tantas, ela mandou chamar Barac e lhe lembrou da promessa do Senhor, de entregar Sísara, chefe do exército de Jabin, em suas mãos. Só que ele teria de se mover, claro. Levar dez mil soldados, escolhidos entre os filhos de Neftali e Zebulon. Mas o homem disse que só ia se Débora fosse junto. É mole?

Ela aceitou ir, mas disse que dessa forma os louros da vitória não recairiam sobre ele. Convocados os soldados, mãos à obra. No momento da batalha, Sísara fugiu com medo dos israelitas e todo o seu exército caiu no fio da espada. Sísara se refugiou na casa de Jael, mulher de Héber, o quenita, um aliado. Porém a mulher aproveitou enquanto Sísara dormia e lhe afundou uma estaca na têmpora. Quando Barac chegou ao local, buscando Sísara, Jael só lhe disse: vem ver o que fiz. Era a derrota de Jabin, rei de Canaã. A mão dos israelitas pesou duramente sobre Jabin, que acabou sendo morto. Foi aí que Débora declamou uma linda canção de vitória. Imperdível. Israel ganhava noção do que era ser Israel, vitoriosa sob a proteção de Deus.

Fizeram-se quarenta anos de calmaria. E vocês já sabem. Quando as coisas relaxavam, o que os hebreus faziam? Se esqueciam do Senhor. Se moldavam às culturas dos vizinhos. E assim foi até que, sem um líder forte, começaram a perder batalhas. Uma atrás da outra. Era a hora de começar a clamar aos céus. Como de costume.

Época dos Juízes

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Por que os israelitas já se haviam debandado para o lado dos deuses outros dos cananeus e adjacências, Deus contra eles virou a sua face. Temporariamente. Sim, porque logo resolveu mandar-lhes alguns líderes para tentar colocar ordem na casa e na alma do povo. Esses líderes foram chamados juízes. Eram uma espécie de governante e magistrado com poderes espirituais. E essa, meus senhores, é a chamada Época dos Juízes, que foi mais ou menos de 1.375 a 1.050 a.C.

Os juízes conseguiam manter a fidelidade dos hebreus em um nível um pouco acima do intolerável. Uma vez morto um juiz, tudo voltava a ser como antes. Desobediências, adoração a deuses estrangeiros e o escambau. E alguns dentre os israelitas começava a clamar aos céus por uma ajudinha do Senhor. Que, consternado, sempre ajudava. Porque o Deus de Israel é um Deus de Infinita Misericórdia.

O ciclo era esse, e sempre esse: Israel, obediente, serve ao Senhor — Israel cai no pecado da idolatria — Israel é dominada pelos inimigos — Israel clama ao Senhor — O Senhor lhes dá um juiz justo — Israel é então salva das mãos dos inimigos. Só que não pára aí. Porque depois de, obediente, servir ao Senhor, Israel cai novamente no pecado da idolatria. Então Israel é dominada pelos inimigos e por isso começa a clamar ao Senhor… De novo e de novo.

Durante a Época dos Juízes, os israelitas não passavam de uma confederação pouco coesa de tribos, que só se reunia em torno dos juízes em momentos de ameaça externa. E aí se foram dois séculos marcados pela luta em torno do território palestino.

Eu vou ser sincero com vocês. Já não é possível contar a vocês todos os fatos como se passaram. Teremos de nos contentar com um resumo dos principais acontecimentos. Quem se interessar pode recorrer às Sagradas Escrituras, que lá está tudo explicadinho. Quem quiser ver gravuras e pinturas dos acontecimentos, que vá ao Google ou à Enciclopédia Britânica. Eu aconselho.

A primeira juíza famosa foi Débora. Antes dela os israelitas tiveram Otoniel, filho de Cenez, que os libertou das mãos de Cusã-Rasataim, rei de Aram Naaraim. Depois disso, Eglon, o líder dos moabitas, forjou uma coalisão que oprimiu Israel por dezoito anos. Os hebreus pediram e Deus lhes empossou um novo juiz de nome Ehud, que atacou o rei de surpresa em uma reunião que havia convocado. Homem de fibra, o rapaz. E houve paz em Israel por oitenta anos.

O tempo passa e os hebreus fizeram o que era mal aos olhos do Senhor. Vocês já sabem do que se trata. Por isso Deus os entregou a Jabin, rei de Canaã, que reinava em Hasor. O chefe de seu exército era Sísara, que habitava em Haroset-Goim. Israel clama a Deus. Ai, meu Deus, desculpa a nossa infidelidade. Prometemos que não vamos mais pisar na bola! Olhe por nós, seu povo! E Deus lá de cima ouvindo a conversinha deles. Até que se compadeceu mais uma vez.

Depois de Josué…

 

Josué comandando o Sol, por John Martin
Josué comandando o Sol, por John Martin

Na sequência dos fatos, o povo que havia servido ao Senhor durante a vida de Josué continuou sendo fiel durante toda a vida dos anciãos que o sucederam e ainda por um algum tempo.

Mas tudo na vida tem um porém. Vocês conhecem filhos de gente boa e organizada… Não quer dizer que serão bons e organizados. As gerações se sucedem no rolar e trocar de hábitos e de costumes. A terra é redonda. E o caminho das gerações é elíptico. Mortos aqueles que haviam convivido com Josué, foram surgindo novos rostos e novos corações. As gerações que surgiam já não conheciam o Senhor nem a obra que Ele havia feito por Israel. Vocês, por exemplo: vocês conhecem bem o que os oito bisavôs de vocês fizeram pelos seus avós que repercutiu na vida de seus pais? Aliás: vocês conheceram seus bisavós?

(silêncio permeado de recordações vagas e indefinidas)

Pois é… A memória se perde com o tempo. Essa é a função da cultura. E provavelmente por falta de uma cultura suficientemente organizada, mas também por dureza de coração e pelas facilidades que o mundo então lhes proporcionava, as gerações foram se esquecendo do Senhor. Senhor? É um ser de quem meus avós falavam bem e com quem meus pais já não se preocupam. Tipo assim.

Por isso e por tantos outros motivos secundários e terciários, como muitos cristãos de hoje adotam costumes mundanos e anticlericais, naquele tempo os israelitas foram aos poucos adotando os costumes cananeus (os povos vizinhos de Israel eram os amonitas, amoritas, edomitas, midianitas, moabitas, amalequitas – chamados todos de cananeus), inclusive a adoração aos baals e aos astartes. Baal era o principal ‘deus’ dos cananeus. Diz-se então que o Senhor, vendo aquela miséria, os abandonou ao controle cultural dos cananeus (Antonio Gramsci confirma que o método funciona). Doravante, em tudo o que faziam os hebreus a mão do Senhor era contra eles para lhes fazer mal, como lhes havia dito e jurado. Vocês são testemunha: não foi por falta de aviso.

Os últimos feitos de Josué

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Josué enfrenta Amaleque, por Nicolas Poussin

 

Josué, na obediência a Deus e na boa direção de seu povo, conquistou ainda as cidades meridionais de Canaã (Maceda, Lebna, Laquis, Hebron, Hebron e Dabir). Não deixou um só sobrevivente. Deus estava com ele. Com eles. Depois das estrondosas vitórias, voltaram para o acampamento de Guilgal.

Ao saberem das tantas vitórias de Josué, uma coalizão de reis do Norte se reuniu para discutir o assunto. Que começava a lhes preocupar deveras. Ajuntaram-se todos e acamparam junto às águas de Merom, a fim de atacar Israel. Mas, como estava escrito, os hebreus os vencem e toma suas cidades. Todos eram passados ao fio da espada, como ordenara Moisés. Algumas cidades eram incendiadas, outras não.

Ao fim de muitas e tantas batalhas bem-sucedidas, Josué olha para as terras conquistadas e vê como bom negócio distribuí-las a Israel, conforme a divisão das doze tribos. Vejam: Jerusalém ainda não fora conquistada, embora boa parte da Terra Prometida já fosse dos hebreus.

Josué, excelente guerreiro, já estava nas últimas. E como é tradição no seu meio, fez um último discurso ao povo hebreu. Reuniu em assembléia todas as tribos de Israel em Siquém: Reconhecei de todo o coração que de todas as promessas que o Senhor vosso Deus fez em vosso favor nenhuma ficou sem cumprimento. Do mesmo modo Ele realizará contra vós as ameaças se transgredirdes a Aliança que vosso Deus vos impôs. Josué relembrou acontecimentos em torno da Aliança, desde Abraão. Agora temei ao Senhor e lançai fora os deuses aos quais serviram os vossos pais do outro lado do Rio e no Egito e servi ao Senhor. Josué erigiu uma pedra em testemunho do que o povo disse; e morreu aos 110 anos, por volta de 1.375 a.C., sendo sepultado no território que recebeu por herança, em Tamnat-Sare, na montanha de Efraim, ao norte do monte Gáas. Que o Senhor o tenha recebido em seus braços.

Outras vitórias de Josué

Joshua and the Four Kings

Depois da conquista de Jericó, a verdade é que ainda havia muito o que se fazer. E a primeira derrota para o povo de Hai acabou desanimando um pouco o pessoal todo. Mas a vida segue. E se todo o mundo ficasse chorando as suas justas pitangas a história da humanidade seria uma longa sequência de nadas.

Bora atacar de novo Hai? Claro! Como não? É Deus no comando. Dessa vez os hebreus venceram, por terem tramado uma emboscada. Parte dos soldados ficaram de prontidão entre Hai e Betel e parte serviu de isca para os soldados de Hai. Ao todo morreram 12 mil inimigos. Ao final, Josué deu a benção ao povo de Israel e depois leu as palavras da Lei.

Só que na verdade Josué cometeu um erro, um raro erro. Ele fez acordo com alguns homens que diziam ser de uma região distante, porém eram de Gabaon, uma tribo vizinha. Errou ao não consultar a Deus sobre o importante assunto. A notícia do acordo de paz se espalhou e outros reis (os reis dos amorreus, principalmente) se prepararam para a guerra. Cinco reinos (Jerusalém, Hebron, Jarmut, Laquis e Eglon) sitiaram Gabaon para atacá-la. Mas Josué, resignado, estava com Deus. Não correu. Vâmo que vâmo.

A vitória dos hebreus, em resumo, foi sensacional. Até chuva de granizo o Senhor mandou do céu para acabar com parte dos inimigos. Foi nesse dia que Josué disse, na presença do Senhor: Sol, detém-te em Gabaon, e tu, lua, no vale de Aialon! Tudo isso para que os israelitas pudessem dar cabo dos inimigos. Como quem diz espera um pouco, amigo, ajuda nós. E se disse que então Deus obedeceu à voz de um homem. Mas isso é maneira de dizer.

Os cinco reis, coitados, se esconderam em uma caverna. De lá os mandou buscar Josué. Chegados, reuniu o povo e mandou seus soldados pisarem nas nucas dos reis derrotados. Sede fortes e corajosos, soldados israelitas poi assim tratará o Senhor a todos os inimigos contra os quais temos de combater. Após admoestar os cinco, Josué os matou e os suspendeu em cinco árvores. Contemplados suficientemente, seus corpos foram devolvidos à caverna onde se esconderam, que foi ao final tampada com grandes pedras. Se vê que as guerras, ontem e hoje, não são coisas para mulheres nem para homens sensíveis.

A conquista de Jericó

joshua

Agora o chefe da empreitada era Josué. Deus lhe falou: Toda terra que pisarem é de vocês. Não tema, cumpra a lei que Moisés lhe passou que estarei com vocês. A meta era conquistar Canaã, se lembram cambada? Pois então. Josué enviou alguns espiões a Jericó, que se hospedaram na casa da prostituta Raab. Ela lhes deu proteção em troca de garantias de vida para si e para sua família, caso o negócio todo desse certo. Fez uma aposta, a moça. É que na cidade a fama dos hebreus já era de atemorizar. Ela era prostituta, mas não era boba.

Tudo visto e pesquisado, os homens de Josué atravessam o Rio Jordão, que diante da Arca da Aliança e dos sacerdotes que a carregavam cessou a sua correnteza. Em respeito. Todos cruzaram o rio pisando em solo seco. Uma vez acampados, executaram algumas circuncisões, pois ainda vários dos homens não haviam cumprido o preceito.

Vocês entendam que o que está para acontecer é uma das mais emocionantes campanhas militares da história toda. Depois de quarenta anos de treinamento. E Josué a liderou com muita astúcia. Deus anunciou, ordenando: Sete sacerdotes levarão diante da Arca sete trombetas de chifre de carneiro. No sétimo dia rodeareis a cidade sete vezes, e os sacerdotes tocarão as trombetas. E, quando tocarem com fragor o chifre de carneiro, todo o povo lançará um grande grito de guerra, e as muralhas da cidade cairão e o povo subirá, cada um no lugar à sua frente.

E assim aconteceu, acontecido.

No dia aprazado, tudo combinado, feito assimzinho como dissera o Senhor. As muralhas caíram mortas. Os hebreus entraram em Jericó e a destruíram junto com seus habitantes. Os cananeus e os filisteus haviam sido derrotados. Como prometido, Josué manda seus emissários para libertar Raab, a prostituta, e sua família. Deus dissera a Josué que o butim de guerra pertencia apenas a Ele indivíduo. Todos obedeceram exceto Acã, razão pela qual Deus não esteve como exército israelita, derrotado, quando atacou Hai pela primeira vez. Uma vez descoberto o pecado de Acã, todos se arrependeram e Acã foi morto por seus atos. Quando o assunto é a segurança nacional, cortam-se os pescoços dos traidores. Sem cerimônia e sem choradeira.

Xerxes, rei da Pérsia

Artemisia Halicarnassus & Xerxes the Great Persian Emperor

Dario não perdoara os atenienses pela derrota na Batalha de Maratona. Porém, não teve tempo de revidar. Morreu em 486 a.C. Outro que morreu logo foi Milcíades. O sucesso da última batalha lhe subiu à cabeça e o homem resolveu convocar os atenienses para atacar Paros, para expulsar um barco persa que lá, segundo disse, havia ancorado. Porém, perdeu a batalha e voltou para casa com a perna quebrada. Os atenienses entenderam que ele estava muito ousado. E o puniram. Pouco depois ele morreu. Como também morreu Cleômenes, rei de Esparta que a havia levado ao esplendor militar em toda Peloponeso. Chamado de volta do exílio, enlouqueceu de todo e, na cadeia, suicidou-se. Triste fim.

Uma nova geração de homens sucedia aos mortos. E herdava a rivalidade já conhecida. Na Pérsia, Xerxes, filho de Dario, assim que assumiu se ocupou alguns anos com os egípcios, que se rebelaram contra os persas em 484 a.C. Mas, vejam, Xerxes provavelmente não era a moça estranha que Hollywood pintou. Acautelem-se.

Enquanto isso Atenas se abria ainda mais à democracia, o polemarca e os arcontes perderam poderes e deu-se poder supremo à assembléia popular. O Aerópago, entretanto, ainda continuava nas mãos das classes superiores. Atenas criou um mecanismo interessante contra a tirania: uma vez por ano os atenienses colocavam nas urnas o nome de um qualquer cidadão que eles julgassem perigoso. Se houvesse mais de seis mil votos totais, o nome do cabra que maior votação tivesse era escolhido para o exílio, para o ostracismo, que durava dez anos. Em 487 a.C. exilou-se um membro da família de Psístrato; em 482 a.C., a Aristides.

Mas, até tu Aristides? Sim. É que enquanto os persas se livravam dos egípcios, Atenas discutia como iria se proteger. Uma discussão colocou em lados diversos Aristides e Temístocles. O primeiro, interpretando um oráculo, achava que deveriam construir um muro de madeira em torno da Acrópole, para que ali dentro se formasse uma resistência. Já o segundo insistia que o tal muro de madeira eram os velozes barcos atenienses, os trirremes. Conversa daqui, conversa de lá, e ninguém resolvia nada. Até que decidiram: exilaram Aristides e nomearam Temístocles como ministro da defesa. Fácil como isso mesmo. E a frota foi finalmente construída, com o dinheiro arrecadado das minas de prata que foram descobertas em Atenas em 483 a.C. Bravo e sábio Temístocles, de quem a vitória de Atenas é tão devedora!

Resolvida a questão egípcia, em 480 a.C., dez anos após a Batalha de Maratona, Xerxes partiu em direção a Atenas, para a desforra, a grande desforra. Porém, não sem antes passar pela Macedônia, que acabou sob seu domínio. Calcula-se que nesse ponto seu exército tinha cerca de 200 mil homens. À medida em que ele se dirigia à Grécia mesma, as cidades gregas se uniam fortemente em um só coro. Foi assim. Aconteceu um encontro na cidade de Corinto, em 481 a.C., liderado pela grande Esparta seguida de Atenas (Argos não participou, por sua rivalidade com Esparta; e Tebas, apenas pela metade, por sua raivinha contra Atenas, por conta da questão de Plateia). Pediram ajuda a Creta, Corcira e a Sicília. A primeira não podia, a segunda não queria. Sicília estava disposta, mas seu chefe, Gelón de Siracusa, para ajudar queria liderar. Nada feito, pois Esparta não era boba. Também estava com problemas intestinos, de confrontos entre os gregos da Sicília oriental e os cartagineses da Sicília ocidental. Tinha que arrumar a casa antes.

Então, Atenas e Esparta estavam sós. E os persas avançaram, começando pela Tessália, que pediu ajuda à liga de Corinto. Soldados foram enviado, mas logo viram. Era melhor recuar, diante do tamanho do exército persa. Resultado: a Tessália e o norte da eram dos persas.

Mas isso não quer dizer que estava tudo resolvido. Os persas avançavam e os gregos (quer dizer, os atenienses e os espartanos) também estavam querendo briga. Eis aí os primeiros traços da Batalha de Termópilas, tema da próxima aula.