Arquivo mensal: abril 2015

Prêmio Cidadão do Mês (abril de 2015)

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O prêmio ‘cidadão do mês’ de abril vai para o casal de brasileiros que criou o canal do Youtube ‘Perdidos na América‘. O simpático casal — ele meio sensível e agitado, ela meio reservada e com cara de brava — mudou-se de Sorocaba, SP, para a Flórida. E quer mostrar ao mundo o que fazem e como vivem os operários brasileiros em solo americano. Tipo: vivemos felizes como um ‘pinto no lixo’. Para isso, gravam vídeos enquanto vão comprar pizza, salgadinhos e eletrodomésticos — ou simplesmente quando saem de casa à noite para tomar um vento fresco. Mostram os preços — baixos — de liquidificadores, de impressoras e de pendrives. Para provar que brasileiro não gosta apenas de mumba barata, eles também exaltam a organização e a eficiência da polícia americana, falam das dificuldades com o idioma, das amizades e da falta delas.

São dicas interessantes mais para os antropólogos que para os que querem deixar o país e sofrer um pouco o capitalismo americano.

Assistam a dois minutos de qualquer vídeo e concluirão: é evidente que a moça não gosta de gravar, mas aceita fazê-lo para agradar o varão. É, nesse ponto, um exemplo de boa esposa. Ela se vence, mas não convence. Ele, deslumbrado com a nova vida lá fora, onde pelo menos 85% de todas as coisas funciona, empolga-se deveras e quer mostrar ao mundo como ele é legal, esperto e sortudo. Esta é a sua vida, Donald! Cada um tem o Big Brother que merece. Provavelmente, se tudo der certo, em alguns meses ele se dará conta do que está fazendo e apagará todos os vídeos do Youtube. A mulher julgará boa essa decisão. A partir daí a vida deles poderá começar a melhorar por lá. Sim, porque a nossa vida melhora quando a gente pára de fazer bobagem e se concentra em alguma coisa decente. Então — mas só então, percebam — eles poderão se candidatar a um posto na classe média alta dos brasileiros que vivem nos Estados Unidos. Ou seja: estarão aptos a ser proprietários de uma empresa de prestação de serviços de pintura, de gesso, de lavanderia ou de informática. Enquanto ‘a ficha não cai’, entretanto, eles têm de contar a sua história. Tudo mundo tem que contar a sua própria história muitas vezes. Até entendê-la e sacar qual é o lance da coisa toda. Só não precisa colocar no Youtube. Porque ninguém é obrigado a ficar assistindo a uma coisa dessas.

Apesar de tudo isso, por seus esforços em favor do bem comum, pelo seu amor à causa da emigração clandestina de brasileiros para os Estados Unidos, o casal de ‘Perdidos na América’ mereceu o nosso ‘Prêmio Cidadão do Mês de Abril de 2015’.

A Religião do ‘Pão de Mel Cósmico’

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Este é o Pão de Mel Cósmico — que vive na Nebulosa do Cavalo.

Luiz Felipe Pondé é pós-pós-pós-doutor, mas virou estrela mesmo quando com fino bom humor e rara inteligência atacou, sem dó nem piedade, os chamados jantares inteligentes. No que andou muito bem, aliás. Filósofo radicado em São Paulo, é o para-católico mais enrustido da paróquia; baiano, careca, fumador de cachimbos, professor de filosofia, autor de livros de aforismos muito bem-sucedidos, dono de uma prosa fácil e escritor de artigos confusos — sim, ele mesmo — protagonizou um interessante debate sobre Religião. O vídeo, promovido pela CPFL Cultura, pode ser visto aqui.

O jantar reuniu quatro pessoas mais ou menos interessantes. Quem ‘ganhou’ o debate foi o pastor batista Ed René Kivitz. Lúcido, muito lúcido. Quase irretocável. Mandou bem. Quer tirar os pais de santos convictos dos altares católicos da Bahia. Eu também. Não fosse eu católico, servo de Deus, filho de Nossa Senhora e devoto de São Francisco de Assis, ouviria mais o que esse homem tem a dizer. Grande presença.

Em segundo lugar, pelo batismo e pela graça. Mais por isso do que por sua participação mesma. Está o católico leigo Ítalo Fasanella, fundador de uma comunidade católica.

Aí vem a parte mais curiosa: a terceira participante é uma senhora com dupla personalidade. Pelo batismo e pela origem familiar, chama-se Libertad. Mas a moça debandou-se para a Índia. Provavelmente foi em busca do Hinduísmo. Mas perdeu o mapa e acabou caindo nas garras de Swami Rajneesh, o famoso Osho. Lá foi iniciada e recebeu novo nome: Ma Dhyan Bhavya. E parece que gostou da coisa toda. Ela acredita em Deus? Na verdade, não sabe bem se é ateia ou se crê em Deus. Crê em uma ‘alma do mundo’. ‘Em uma energia, em um caminho interno de buscar a sabedoria dentro de mim’. Sei. Vai fundo. Não tentarei impedi-la.

Mas o ponto alto ficou por conta do perdedor do debate, o ateu intelectual e darwinista Jaime Alves. Para ele, a fé é fruto da falta de conhecimento. Ele, sim, está repleto de conhecimento. Quem é Santo Tomás de Aquino perto dele? Ninguém. Um mero ignorante. Quem é Joseph Ratzinger? Uma nulidade. Ele, Jaime Alves, e seus coleguinhas é que são os maiores sábios. Aposto que esse sujeito não abre um livro decente há mais de uma década. As últimas obras que leu provavelmente foram da Coleção Vagalume, no colégio. Teve orgasmos intelectuais quando descobriu, no seu livro de cabeceira, História Geral, 2ª Ano (Livro do Aluno), que o Iluminismo e a Ciência Moderna acabaram com a hegemonia que a Igreja cultivou nas trevas da Idade Média. Alimenta-se de History Channel e de National Geographic, coitado. Fato é que em razão da iminência de uma derrota fragorosa — quando Pondé já começara a contar até dez — ele acabou se saindo com essa: estou para criar uma nova Religião: a Religião do Grande Pão de Mel Cósmico que Vive na Nebulosa do Cavalo. Ganhou o coração de todos os orgulhosos desamparados que não creem em Deus nenhum: a partir de agora já podem crer em um Deus criado por um ser bem inteligente. Tão inteligente como Jaime Alves.

Eis aí os filhos do Grande Pão de Mel Cósmico. Que vive na Nebulosa do Cavalo. Esplêndido. Só que tem uma coisa: Quede os milagres? O Grande Pão de Mel Cósmico responde às orações de seus fiéis? Funda civilizações a partir das cinzas de impérios devastados por bárbaros? Acho que não, né. Então, quem quiser se arriscar que vá lá. E depois me conta.

‘Precisamos tomar uma cerveja’

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Ouço muita gente falar: ‘Então, Celestino, a gente precisa sentar para tomar uma cerveja’. E penso: é pura mentira. Mentira das grossas. Ninguém que tenha me falado ‘a gente precisa tomar uma cerveja’ efetivamente me chamou para tomar uma cerveja. Jamais. É que ‘precisar tomar cerveja com alguém’ não é matéria própria para reflexão, não é algo que se fale com sinceridade cada vez que encontramos alguém na rua. Eu, que já estou cansado de ouvir bobagens, quando escuto ‘a gente precisa tomar uma cerveja’ sei que o cabra está querendo dizer na verdade: ‘Eu até acho que não morreria de tédio se a gente tomasse uma cerveja rápida, em pé no balcão, qualquer dia desses. Mas enquanto não somos forçados a fazer isso por alguma indesejável circunstância da vida, fiquemos apenas nessa constatação falsa, precisamente a de que precisamos tomar uma cerveja‘. E aí o cabra sai dali e vai tomar cerveja com quem? Com outros amigos a quem ele nunca, jamais, disse: ‘precisamos tomar uma cerveja’. Porque quem precisa tomar uma cerveja com alguém simplesmente a toma. Ora, pois.

Um evento social e ‘familiar’

Sei que com este post arrisco-me a conspurcar este lugar puro. Mas não é possível deixar passar esse grande evento social que a pacata Belo Horizonte receberá próximo do feriado do Dia do Trabalhador. Trata-se, nada mais, mas também nada menos, do que o “Encontro de Nudez Social”. Vejam com seus próprios olhos o cartaz que está circulando nas redes sociais clicando aqui. Desculpem-me, mas me recuso a colocar aqui esse tanto de bunda feia.

Mas, então. Viram? É mole? As bundas, provavelmente sim. Mas o batente será duro. Haverá muito trabalho para quem comparecer ao evento. A propaganda promete: venha conhecer pessoas e fazer amigos. E promete mais: debates, depoimentos e um ‘workshop de nudez em grupo’.

É. Belo Horizonte já não é mais a cidade de Hilda Furacão, da Moça Fantasma de Drummond e do Harém da Av. Bias Fortes.

Fico pensando no nível hormonal dos que comparecem a um evento como esse. A princípio, ninguém deveria ir num troço desses pensando em sexo. Porque há na propaganda pelo menos cinco indicações de que não se trata de evento sexual. Então estamos autorizados a pensar que nele comparecerão vegetarianos, bichos-grilos de toda sorte, Janis Joplins retardatárias, comedores de sol, seguidores do Osho e demissionários das imposições cruéis da moda burguesa opressora. Mas tenho fortes suspeitas de que não é assim.

Quem for, que me conte. Mas, por cautela, se querem fazer amigos e influenciar pessoas, preservando sua integridade física, mantenham distância desses pagãos neo-romanos descendentes de Calígula. E não me tragam teses de doutorado sobre naturismo, primitivismo, natureza, Wilhelm Reich etc e tal. Não aceito. Ninguém nasceu ontem. Somos filhos de Adão e de Eva. Lembram-se? Mais forte. Muito mais forte que uma simpatia pelos costumes núdicos, lúdicos ou selváticos de nossos antepassados está a carne. Sabem? A carne. É. Não há quem escape. Perguntem para o Dr. Freud. Nem ele escapou. Nem sua cunhada, dizem. Coitados.

Mas, concedamos. Nem todo mundo é tão pervertido como o Dr. Sigmund Freud. Então, para provar que ainda temos esperança na humanidade, vamos lá: sem dúvida, quem for encontrará uma meia dúzia de mulheres ingênuas, que vão apenas para o debate. E meia dúzia de rapazotes meio-ingênuos, que nunca pegaram ninguém na vida e vão na esperança de que alguma balzaquiana finalmente dê cabo às suas angústias. Porque, afinal, o evento promete o estabelecimento de novas amizades. E, evidentemente, uma amizade que é selada na nudez permanece sob esse signo: uma vez pelados, sempre pelados. Mas, pô, quem vai negar que essa ‘festinha’ vai estar repleta de tarados e de devassas? É claro que vai. Não tenham dúvidas. Para preservar a moral e os bons costumes, que mineiro adora uma tradição, é bem possível que no evento se mantenham as aparências. Mas depois… ninguém segura o que acontece depois. Não é à-toa que o evento acontecerá num sábado, das 13h às 17h. Sabem por quê? Porque a noite, meus filhos, a noite é uma criança.

A última do Ringo Starr

Description=Beatles drummer Ringo Starr eats fish and chips, 1967.
Ringo Starr, antes de passar duas décadas bêbado, fazendo cara de ‘retardado’.

Eu tenho certeza de que quando vocês leram essa notícia logo pensaram: “Esse é um assunto para o Alarico”. A notícia é: “Ringo Starr diz: ‘passei boa parte dos anos 70 e 80 bêbado'”. Sim, é um assunto para mim mesmo. Passo dez por cento do meu tempo útil ocupando-me com essas nulidades. É que todos precisamos nos exorcizar. Deixem-me então dar uma purificada no ambiente em torno. E quando se trata de gente que não presta eu só sei fazer isso de uma forma: contando suas vidas e deplorando suas condutas.

A primeira coisa que me vem à cabeça quando escuto essa enormidade é: mas que sujeito fraco, que gajo retardado. Um coitado, né. E tem gente que acha isso legalzinho. Uma demonstração de humanidade. “O artista tem que mostrar o seu lado humano”. Mas vejam. É humano passar duas décadas bêbado? De que ‘humano’ você está falando, meu rei? Não é à-toa que os artistas são chamados ‘estrelas’. São referências, apontam caminhos. Ninguém achará estranho seu próprio comportamento se algum artista confessar que faz o mesmo. Eu sou maníaco por colecionar canetas verdes. Suponhamos. Não consigo dormir enquanto não comprar uma caneta verde que vi num site de compras norueguês. Isso começa a atrapalhar a minha vida pessoal. Não trabalho mais, não faço amor com minha mulher, não alimento meus filhos, não atendo ao celular: só fico atrás de canetas verdes. Procuro um psiquiatra, tomo remédios. Mas só me tranquilizo quando descubro que um cantor sertanejo, que um ator da novela das nove ou que um ex-BBB coleciona canetas cor de laranja ou cor-de-burro-quando-foge. Por quê? Porque eles são referências, são padrões. Não tem ‘meu pé me dói’. É assim mesmo.

Voltemos ao Ringo, que é ‘estrela’ até no nome. A única coisa decente que ele fez na vida foram os dois minutos de solo de bateria no final do ‘Abbey Road’. Nada mais. Eu também encheria a cabeça de cachaça, se fosse ele. Em vez de arrumar um emprego decente depois que ‘o sonho acabou’, decidiu ganhar a vida como ‘ex-Beatle’. Deu no que deu.

Porque o único ex-Beatle que deu certo foi o Paul McCartney. Por razões que eu desconheço, por ora. Mas foi o único. John Lennon foi morto a tiros por um fã. Se um fã o tratou com tanto ‘amor’, imagino o que os não-fãs estariam dispostos a fazer com ele em um momento de desgosto. George Harrison nunca se recuperou de uma adolescência frustrada e de suas sessões de meditação regadas a chá estragado com o Maharishi Iogi. Depois de ‘Something’ ainda teve um minuto de fôlego com ‘All Things Must Past’. Nada mais.

E o Ringo, coitado? Ficou com as cervejas. Muitas cervejas, porque nunca fez nada que prestasse. Não é difícil defender a tese de que o solo no final do ‘Abbey Road’ foi ideia do Paul. Não duvidaria. E essa história de que os Beatles só se tornaram os Beatles depois que o Ringo substituiu o Pete Best na bateria? Querem saber a minha opinião? É a seguinte: o Pete Best tinha personalidade. E a personalidade de um membro pode atrapalhar o desenvolvimento de um grupo. A presença de uma quase-nulidade no meio dos outros três Beatles pode ter dado a eles a configuração necessária para deslanchar. Mas isso não é mérito do Ringo. Isso é mérito do Pete Best, que deu uma banana para o John e foi caçar coisa melhor para fazer da vida.

A Igreja e o uso de preservativos

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Sintomática campanha para estimular (acreditem!) o uso de preservativos. Fonte: http://www.huffingtonpost.com/2014/05/04/condom-ad_n_5263867.html
Alarico, por que as pessoas ficam tão incomodadas com a posição da Igreja em relação o uso de preservativos?

Esse é um dos grandes mistérios da humanidade. Não entendo por que as pessoas se preocupam com a opinião da Igreja sobre o uso de preservativos. Só há duas opções: i) tratar esse parecer eclesial como resultado de uma reflexão amadurecida sobre a natureza do sexo e as consequências de sua prática desvirtuada. Nesse caso você deve buscar entender melhor as razões que levaram à conclusão dela a respeito dos poréns dessa utilização. E fazer uso de preservativos em suas relações extraconjugais, se quiser. Ponto; e ii) tratá-lo como a opinião de uma instituição qualquer, que calhou de explicitar sua posição sobre o tema. E fazer uso de preservativos em suas relações extraconjugais, se quiser. Ponto.

É verdade. Mas apesar da liberdade que todos têm, parece que por algum motivo ainda se incomodam com essa opinião…

Sim, parece mesmo. A maioria das pessoas, inclusive muitos católicos, não chega a estudar suficientemente as razões da Igreja. Mas fica incomodadíssima com a ‘proibição do uso de camisinhas’. A pergunta que se deve fazer é: Meu rei, algum bispo já saiu debaixo da cama ou detrás da porta depois que você se trancou no seu quarto ou no motel para fazer suas estripulias? Acho que não, né? Então faça bom uso de sua liberdade e esteja disposto a responder por isso.

Você não acha que há muita gente preocupada com a possível repercussão que o parecer da Igreja tem na vida dos mais humildes, que — segundo eles pensam, mas não falam — ‘proliferam como ratos’?

Sim, acho. E acho que essa gente deveria procurar alguma coisa mais útil para preencher suas vidas. Cada pessoa que nasce é uma renovação das esperanças de Deus na humanidade. Qualquer vida é uma benção. Qualquer. Ainda que a gente queira ver todo mundo feliz, estudado e com dinheiro no bolso, a verdade é que Deus tem seus próprios caminhos. Ele tem seus próprios modos de conduzir a Criação. Mas há muita gente que discorda Dele e quer colocar camisinha na cabeça do povo. Quê que eu posso fazer?

Não acha que a questão é mais complexa que isso, Celestino?

Sem dúvida que é mais complexa. É muito complexa. É tão complexa que deveria ser proibido começar a discutir a questão da ‘paternidade responsável’ com a proposta de disseminar o uso de camisinhas. É muito simplista, é muito rasa. Tem retardados que dizem que a Igreja contribui para o aumento do número de casos de AIDS na África, porque ‘veta’ o uso da camisinha. Eu não sei que nome dar a essas pessoas. São, no mínimo, papagaios de pilha fraca. É triste. A solução da Igreja para esse problema é a castidade. E apesar dos risos sarcásticos de alguns, tem dado certo em alguns países. Confira.

Redução da maioridade penal

A bola da vez é a redução da maioridade penal. Algum deputado conseguiu finalmente emplacar essa discussão no Congresso Nacional. E a coisa parece que está andando. O que pensar sobre esse assunto? Ainda não sei ao certo. Mas a verdade é que o discurso contrário à redução é chão. Chega a ser risível. Dou-lhes dois exemplos.

“A redução não vai resolver o problema da criminalidade”.

Beleza, irmão, mas quem está falando em resolver? As pessoas querem que os adolescentes de dezesseis anos sejam tratados com justiça. Ninguém jura que a redução vai resolver o problema. Mas muitos têm a certeza de que tornará a aplicação da lei mais justa. That´s all.

“Defender a redução da maioridade penal é ir contra os direitos humanos”.

Veja. Não ser assaltado e não ser morto por bandidos é também um direito dos seres humanos. De todos. O Direito Penal busca, entre outras coisas, dissuadir as pessoas de cometer essas atrocidades. Busca também a justa punição. A sociedade tem o direito de colocar na cadeia os condenados por crimes graves. Se a gente for esperar consertar o mundo para só depois prender os criminosos certamente não chegaremos no segundo mês da discussão.

Direita e esquerda

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Não sei se sou um homem de direita ou de esquerda. E não tenho pressa de saber. O mundo pode conviver com minha indefinição política. Ninguém vai morrer por conta disso. Como já disse, sou Alarico Celestino. Gosto do que é bom e rejeito o que não presta.

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Ser direita ou de esquerda é antes uma questão de nascimento e de criação: os direitistas geralmente nasceram em um ambiente minimamente decente e têm saudade daquela época. Por isso: querem conservar algo do passado. Os esquerdistas nasceram e absorveram algo de um ambiente de desordem ou foram vítimas de primos chatos ou de tios frustrados com a vida. E não tinham na época força suficiente para reagir. Resultado: querem fazer a revolução e mostrar a todos que o mundo não é um lugar justo. ‘Se o mundo fosse um lugar justo eu não teria sido pentelhado’.

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Vivemos em uma época em que ser menos esquerdista que o PSOL é ‘flertar com a extrema direita’.

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Um bom esquerdista sabe de cor o discurso de desconstrução do adversário: ‘toda direita é raivosa’.

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Alguém já disse que o adolescente revolucionário na verdade é aquele que quer mudar o mundo apesar de não ter disposição para arrumar a própria cama pela manhã.

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PSDB não é um partido de direita. Mas estamos perdidos em uma ilha deserta e ele é ‘a única mulher disponível’.

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De vez em quando o PSDB faz de conta que é um partido de direita e acaba sendo alvo da esquerda raivosa. Mas ele não engana ninguém. Essa impressão de direitismo, no PSDB, é apenas uma falha de percepção: trata-se, na verdade, de mero antipetismo. Nada mais. É briga interna da esquerda. É divisão de cargos. Aliás, não tem gente que briga mais dentro de casa que esquerdista.

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Eu não tenho culpa, mas saiu uma pesquisa científica há uns dois anos dizendo que a maioria dos esquerdistas tem ou já teve complexo de inferioridade em seus relacionamentos com os colegas de escola ou de faculdade. Imagino que grande parte deles tenha razão.

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Todo comunista é um sonhador: sonha em acabar com toda a livre iniciativa, com uma única exceção: a livre iniciativa do Partido Comunista de prender e de matar quem melhor lhe convier.

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Um comunista não gosta de empresários. Mas gosta de dinheiro.

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Antes de decidir-se pela direita ou pela esquerda, é preciso saber se você consegue ganhar dinheiro como empreendedor ou arrumar um emprego honesto. Quando essa experiência única acontece, você geralmente entende que não há por que ficar fazendo passeatas por um mundo melhor.

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Sigmund Freud concordaria comigo: os esquerdistas não resolveram o Complexo de Édipo.