Um evento social e ‘familiar’

Sei que com este post arrisco-me a conspurcar este lugar puro. Mas não é possível deixar passar esse grande evento social que a pacata Belo Horizonte receberá próximo do feriado do Dia do Trabalhador. Trata-se, nada mais, mas também nada menos, do que o “Encontro de Nudez Social”. Vejam com seus próprios olhos o cartaz que está circulando nas redes sociais clicando aqui. Desculpem-me, mas me recuso a colocar aqui esse tanto de bunda feia.

Mas, então. Viram? É mole? As bundas, provavelmente sim. Mas o batente será duro. Haverá muito trabalho para quem comparecer ao evento. A propaganda promete: venha conhecer pessoas e fazer amigos. E promete mais: debates, depoimentos e um ‘workshop de nudez em grupo’.

É. Belo Horizonte já não é mais a cidade de Hilda Furacão, da Moça Fantasma de Drummond e do Harém da Av. Bias Fortes.

Fico pensando no nível hormonal dos que comparecem a um evento como esse. A princípio, ninguém deveria ir num troço desses pensando em sexo. Porque há na propaganda pelo menos cinco indicações de que não se trata de evento sexual. Então estamos autorizados a pensar que nele comparecerão vegetarianos, bichos-grilos de toda sorte, Janis Joplins retardatárias, comedores de sol, seguidores do Osho e demissionários das imposições cruéis da moda burguesa opressora. Mas tenho fortes suspeitas de que não é assim.

Quem for, que me conte. Mas, por cautela, se querem fazer amigos e influenciar pessoas, preservando sua integridade física, mantenham distância desses pagãos neo-romanos descendentes de Calígula. E não me tragam teses de doutorado sobre naturismo, primitivismo, natureza, Wilhelm Reich etc e tal. Não aceito. Ninguém nasceu ontem. Somos filhos de Adão e de Eva. Lembram-se? Mais forte. Muito mais forte que uma simpatia pelos costumes núdicos, lúdicos ou selváticos de nossos antepassados está a carne. Sabem? A carne. É. Não há quem escape. Perguntem para o Dr. Freud. Nem ele escapou. Nem sua cunhada, dizem. Coitados.

Mas, concedamos. Nem todo mundo é tão pervertido como o Dr. Sigmund Freud. Então, para provar que ainda temos esperança na humanidade, vamos lá: sem dúvida, quem for encontrará uma meia dúzia de mulheres ingênuas, que vão apenas para o debate. E meia dúzia de rapazotes meio-ingênuos, que nunca pegaram ninguém na vida e vão na esperança de que alguma balzaquiana finalmente dê cabo às suas angústias. Porque, afinal, o evento promete o estabelecimento de novas amizades. E, evidentemente, uma amizade que é selada na nudez permanece sob esse signo: uma vez pelados, sempre pelados. Mas, pô, quem vai negar que essa ‘festinha’ vai estar repleta de tarados e de devassas? É claro que vai. Não tenham dúvidas. Para preservar a moral e os bons costumes, que mineiro adora uma tradição, é bem possível que no evento se mantenham as aparências. Mas depois… ninguém segura o que acontece depois. Não é à-toa que o evento acontecerá num sábado, das 13h às 17h. Sabem por quê? Porque a noite, meus filhos, a noite é uma criança.

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