O que aconteceu com a cultura brasileira

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Descobri esses dias, com grande atraso, um tal de Marcus Tardelli. Um violonista que faz Yamandu Costa (que é bão também) tremer nas bases. Aliás, ele é muito mais que um violonista. É um músico, ora. O Guinga disse que ele é o novo Mozart. Mas o Guinga não sabe quem é Mozart, pô. Então, deixemos o exagero dele para lá e ouçamos esse grande artista que é Marcus Tardelli (até o Milton Nascimento parou para ouvir — no estilo “quem não tem colírio usa óculos escuros”).

O que me importa aqui é perguntar: onde estavam MC Guimê, Luan Santana, Ivete Sangalo, e todos esses lixos, enquanto ocorria um evento como esse? Ah, vocês não sabem? Estavam enchendo o bolso de dinheiro, vendendo lixo para a massa. O povo brasileiro, nunca é demais lembrar, desenvolveu nas últimas décadas uma extraordinária capacidade de comer lixo. Por isso, Marcus Tardelli, Alessandro Penezzi e outros artistas são evidentemente desprezados pelas massas. Mas, quer saber? Fodam-se as massas. Foda-se o povo. Deixa o povo dançar na boquinha da garrafa e levantar as mãozinhas para o alto. O Brasil não se faz com o povo. Nunca se fez. O Brasil se faz com pessoas como Gian Corrêa e Raíssa Amaral. Aliás, pelo andar da carruagem, parece que o futuro do país está no interior: Petrópolis, Piracicaba, Passo Fundo, Caconde!

São jovens como esses, nas mais diversas áreas, que constroem uma nação. Uma nação se faz de pessoas que estudam e dedicam seu tempo a algo virtuoso. O resto são, na melhor das hipóteses, espectadores. Alguns nem isso são capazes de ser — e, portanto, merecem as nossas orações e o nosso mais profundo lamento. Quando a massa começa a falar e defender sua “cultura”, eu me lembro de Fernando Pessoa: amigos, vocês não nasceram para isso!

Mas o meu lamento não vai adiantar nada. Esses bostinhas vão continuar vendendo shows, DVDs, vão continuar fazendo campanhas publicitárias, vendendo refrigerante e cerveja e tudo vai continuar como está. Então tá. Eu só sei de uma coisa: cultura de massas é como quadrado redondo. Não existe. Ponto.

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